Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 05, 2008

MELCHIADES FILHO Muitas interrogações



BRASÍLIA - Por que a Casa Civil só foi remexer no arquivo morto dos gastos secretos de FHC em fevereiro, quando o Congresso discutia a instalação de uma CPI para apurar despesas da Presidência de Lula?
Qual foi o objetivo das reuniões entre arquivistas e assessores de Dilma Rousseff entre 8 e 18 de fevereiro? A que levantamento a ministra da Casa Civil se referia quando contou a empresários, no dia 20 do mesmo mês, que já tinha munição para que o governo "não apanhasse sozinho"? Por que sua secretária-executiva, Erenice Guerra, não vem a público e nega que tenha ordenado a encomenda do dossiê?
Por que o Planalto não protestou quando detalhes do conteúdo do dossiê foram noticiados, em conta-gotas, nos dias anteriores à criação da CPI, quando interessava ao governo intimidar a oposição? Por que agiu apenas após a revelação de que a Casa Civil formatou esse arquivo exclusivo sobre os tucanos?
Que funcionários têm acesso a ele?
Já que a divulgação de gastos sigilosos é crime, por que a Polícia Federal ainda não entrou no caso? Por que ela não poderia investigar a confecção do dossiê também?
São perguntas simples. As respostas poderiam ajudar a Casa Civil a se defender. O governo, porém, nega-se diariamente a fornecê-las.
Empenhado em poupar a "mãe do PAC", o Planalto até ontem usou intermediários para lançar versões que variam em tudo, menos na inconsistência. A entrada em cena da própria Dilma, que poderia marcar uma inflexão, não fez diferença. A ministra conseguiu a façanha de negar tudo e não descartar nada.
De novidade, tornou oficial a caça de araque ao "espião" ou "invasor" que, ao vazar trechos do dossiê, tornou pública a trincheira de contra-informação montada no palácio. A estratégia de comunicação de Lula atolou-se de vez no jogo político. Abandonou o "ele não sabia" e agora oscila entre tergiversações e o "nada a declarar" da ditadura.

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