http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1522788-gastos-sociais-nao-serao-cortados-diz-arminio-fraga.shtml
Folha de S Paulo
O economista Armínio Fraga, já anunciado como titular da Fazenda num eventual governo do candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, dedicou boa parte de sua apresentação em um debate virtual, na noite desta quinta-feira (25), a afastar suspeitas de que, uma gestão tucana, faria cortes na política social do governo.
Armínio vendeu a tese de que com o diagnóstico correto será possível arrumar a economia sem afetar a destinação de receitas para os programas sociais nem diminuir investimentos em Educação e Saúde. "Áreas sociais sempre serão preferenciais e não seriam cortadas. Não se pensa nisso", disse.
O debate foi promovido pelo site da campanha de Aécio e contou com a participação de outros dois economistas que colaboram com o programa de governo do tucano: Samuel Pessoa e Mansueto Almeida. Marcos Lisboa, que chegou a integrar a Fazenda no primeiro governo Lula, fechou o time de debatedores, como "economista independente", sem vínculo partidário.
Zô Guimarães/Folhapress | ||
Armínio Fraga, já anunciado para a Fazenda em eventual governo de Aécio |
O time fez questão de adotar uma linguagem mais acessível, fora do "economiquês". Por várias vezes, Armínio tentou traduzir o que dizia –ao relatar o espaço para aumentar a participação da iniciativa privada nos investimentos em infraestrutura, emendou: "quero dizer de portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, energia, tudo isso está precisando de investimento, há necessidade para tudo o que é lado".
Armínio fez coro à tese que Aécio vem defendendo sempre que questionado sobre como fará para o país retomar o crescimento. O economista defendeu a tese de que com regras mais claras, simplificação do sistema tributário e fim do que chamou de "bolsa-empresário" (concessão de crédito de bancos públicos a empresas e setores selecionados pelo governo) haverá sinalização suficiente ao setor privado para estimular uma maior participação no investimento.
Segundo ele, isso abriria espaço para redução de gastos do governo em algumas áreas, reequilibrando as contas públicas sem prejudicar o investimento na área social. "Não existe uma medida ou duas que vão resolver isso. Estamos falando de uma mudança maior, uma mudança do sistema. (...) [Mas] Muitas coisas podem ser reequilibradas de forma que esse ajuste não seja doloroso", afirmou.
Mansueto Almeida também insistiu nessa tese. Por diversas vezes, o economista disse que a agenda social é "uma demanda da sociedade" e que por isso sempre seria privilegiada. Ele ainda tentou vincular o debate econômico ao cotidiano do país e à cobrança de mais investimentos em áreas como saúde e educação. "Alguns dizem: 'as pessoas não comem PIB (Produto Interno Bruto)'. Isso é uma fala equivocada. A única forma de continuar com essa agenda social ativa é se o país voltar a crescer. Se ele não crescer, a gente não vai continuar a expansão dos gastos sociais", afirmou.
"Os gastos sociais estão estabelecidos na constituição. O gasto com saúde cresce com o PIB e o gasto com a educação está vinculado à arrecadação de impostos. Se o país cresce, a arrecadação cresce e todo mundo vai gastar mais com o social", ressaltou.
Os economistas creditaram boa parte dos problemas da economia ao viés "intervencionista" adotado no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). "A gente passou a aceitar a inflação no teto da meta o tempo inteiro", disse Samuel Pessoa. "Precisamos voltar a um regime de política econômica baseado em regimes, sistemas, regras e processos. Não discricionário, baseado na última notícia ou último grupo de pressão que bateu na porta da Fazenda", concluiu.
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