O GLOBO - 05/10/10
Em tese e em princípio, os onze ministros do Supremo Tribunal Federal são os guardiões da Constituição Federal, e os 33 ministros do Superior Tribunal de Justiça zelam pelas leis federais.
Parece uma razoável distribuição de tarefas. Na prática, há um probleminha: a Constituição brasileira é extremamente minuciosa e cuida de assuntos e questões que em outros países são tratados apenas nas camadas inferiores da legislação. Isso explica a montanha de processos que batem no Supremo e dormem meses ou anos nas mesas dos ministros, que simplesmente não têm tempo para lhes dar decisões num prazo razoável. E Justiça lenta é Justiça ruim — culpa do sistema e não dos coitados dos juristas.
Os ministros do STF têm direito de morrer de inveja, por exemplo, dos seus equivalentes na Suprema Corte dos Estados Unidos. Os supremos americanos são apenas sete, e têm vida mansa. Pouco importa a quantidade de processos que chegam às suas mãos: têm a prerrogativa de decidir quais deles envolvem a necessidade de uma inédita interpretação da Constituição americana. O resto vai direto para o lixo.
Aqui, apesar da existência da instância superior abaixo da suprema — o que soa esquisito e para muita gente é mesmo esquisitíssimo — a última instância do Judiciário é lenta além da conta, sem culpa de ninguém.
No caso da Lei da Ficha Limpa, no entanto, o STF poderia ter eliminado todas as dúvidas sobre a sua vigência antes da votação de domingo passado. Mas a sessão em que o assunto seria decidido terminou empatada. O autor do recurso a respeito, Joaquim Roriz, achou mais seguro desistir da candidatura a governador de Brasília em benefício da esposa — o que lhe permitiria governar do mesmo jeito — e o tribunal perdeu a oportunidade de consagrar definitivamente a lei. Não quer dizer que esteja ameaçada, mas sempre seria mais tranquilizador já existir o aval do STF para a primeira iniciativa legislativa importante praticamente imposta aos políticos e aos poderes da República pela vontade expressa da opinião pública.
Os ministros do Supremo, é bom lembrar, não estavam decidindo sobre o conteúdo da lei, e sim apenas sobre o início de sua vigência. De qualquer maneira, perderam uma boa oportunidade de se associarem de alguma maneira à luta pela moralização do sistema eleitoral e, como consequência bastante provável, de modos e costumes na política brasileira.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2010
(1998)
-
▼
outubro
(42)
- Arnaldo Jabor - A difícil missão de Dilma Rousseff
- Aécio troca discurso pós-Lula por postura anti-Lula
- O mendigo mora ao lado Celso Ming
- Voto ou sombra e água fresca? Eliane Cantanhêde
- País dividido Merval Pereira
- Nova rodada Míriam Leitão
- Modos e costumes LUIZ GARCIA
- O súbito encanto de Marina Silva Arnaldo Jabor
- Um 'não' ao personalismo Editorial o Globo
- A implosão do plebiscito O Estado de S. Paulo Edit...
- O eleitor tem a força Dora Kramer
- Vai ser preciso mais - Celso Ming
- Melhor que está pode ficar Ilan Goldfajn
- Hora das respostas Rodrigo Constantino
- DANUZA LEÃO Na torcida
- Suely Caldas -Dúvidas do eleitor
- Gaudêncio Torquato O dia maior da cidadania
- Fernando Henrique Cardoso - Segundo turno
- DORA KRAMER -É o fim de um caminho
- Democracia consolidada Merval Pereira
- Instituições democráticas e tolerância EDITORIAL O...
- O impossível pede passagem Villas-Bôas Corrêa
- Que, bem ou mal, falem as urnas EDITORIAL O ESTADO...
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ Históricas rupturas del kirch...
- MARIANO GRONDONA Con Laclau y Bonafini ya no hay "...
- O grande pleito cívico JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Fim de uma etapa Ferreira Gullar
- Reflexos da História MíriamLeitão
- Mundos paralelos Merval Pereira
- ''Nós somos a opinião pública'' Miguel Reale Júnior
- A escalada da pobreza (de espírito) GUILHERME FIÚZA
- Não era este o debate Villas-Bôas Corrêa
- Urgência adiada Míriam Leitão
- Calma, gente Zuenir Ventura
- Entre a obrigação e a devoção-Maria Helena Rubinato
- Diogo Mainardi Agora, Mozart!
- Falta de sintonia Celso Ming
- Dinheiro inventado Míriam Leitão
- Pré-sal e gastança pública Yoshiaki Nakano
- Uma candidatura movida a gasto público Rogério L. ...
- Atos erráticos Dora Kramer
- Dilma, na margem de erro Merval Pereira
-
▼
outubro
(42)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA