- Folha de S. Paulo / EBC
Ainda é cedo para saber se as suspeitas sobre o ex-ministro da Saúde
Alexandre Padilha são isso ou algo mais. Politicamente, contudo, já há
quem o veja como um candidato a morto-vivo após ter seu nome envolvido
no cipoal de André Vargas e o doleiro Youssef.
Os fatos sugeridos são graves e, mesmo que nada seja provado até o fim
da campanha, seria desastroso para Padilha permanecer nas páginas
policiais ao longo da disputa. Se algo o for, bom, aí seria fatal.
Por isso, desde quinta-feira à noite os atores do mundinho político
discutem os riscos à candidatura ao governo de São Paulo do "terceiro
poste de Lula", como Padilha é conhecido entre correligionários --numa
tentativa de invocar o sucesso eleitoral dos antecessores Dilma e
Haddad.
Se Padilha acabar abatido pelo escândalo, Lula estará num mato sem
cachorro. Ele apostou todas as fichas no jovem e enérgico ex-ministro
para tentar apear os tucanos da fortaleza que comandam há duas décadas.
Apesar da posição confortável nas pesquisas, o governador Geraldo
Alckmin sofre de fadiga de materiais justamente por essa longevidade do
PSDB no poder. Além disso, o cartel dos trens e a sombra de um
racionamento de água no carregado ambiente social pré-Copa tornam o
ambiente especialmente volátil.
Sem Padilha, não há alternativa óbvia para o PT. Aloizio Mercadante,
José Eduardo Cardozo e Marta Suplicy ficaram na Esplanada, e o prazo de
desincompatibilização já passou.
Exceto que Lula siga a sugestão feita em 2012 pelo marqueteiro João
Santana e saia candidato ao Bandeirantes, não há figurão à mão. Nem
poste a ser erguido em tempo hábil.
Há uma solução politicamente impensável até anteontem: o PT cair no colo
do PMDB e apoiar de cara Paulo Skaf, que está viabilizado como
candidato competitivo até segunda ordem. Seria uma humilhação e tanto
para Lula e o partido, mas os prazos são curtos, e Padilha está no fogo.