O Estado de S.Paulo
Os preços das commodities oscilaram muito nos últimos dias. Recuaram 11% em uma semana, de acordo com o índice da Standard & Poor"s, e ontem também, mas continuam em níveis elevados. Nos últimos 12 meses, aumentaram 39%, segundo o tradicional e respeitado acompanhamento que a The Economist realiza todas as semanas.
O petróleo, mesmo com o recuo dos últimos dias, registra uma alta de 34%. Estava um pouco abaixo de US$ 100, ontem, num mercado altamente especulativo no qual um entre 10 contratos são de físico. Todos os demais, para entrega futura, petróleo que não existe, o que revela o peso da especulação. E ontem a Opep afirmou em Genebra que o mercado está plenamente abastecido, indicando que poderá reduzir de novo a produção, como já fez a Arábia Saudita que retirou do mercado o petróleo que havia liberado na crise da Líbia.
Alimento é o problema. Mas o desafio é outro. Está nos preços das commodities agrícolas, no item alimentos. Houve um recuo ontem, mas nos últimos 12 meses, a alta é de 42%, informa a The Economist, com dados que são confirmados por outras pesquisas.
A chamada "explosão"das commodities tornou-se um tema político. Os países ricos culpam os emergentes por estarem crescendo tanto e pressionando a inflação que já está em torno de 2.5% na Eurozona e nos Estados Unidos. Pedem uma ação imediata, querem que os emergentes cresçam menos, abaixo de 5%, para aliviar a pressão sobre a demanda e os preços.
Mas o tema principal do debate, que alimenta reuniões em Genebra, também não é apenas esse. É saber se esses preços explosivos irão manter-se ou tendem a recuar. A pergunta ontem, no mercado financeiro era: para onde caminham as cotações das commodities?
Para maior esclarecimento do leitor, a coluna faz um apanhado, não uma seleção, dessas analises e entrevistas.
O valor do mercado. Para dar as dimensões do problema, os analistas lembram que as negociações com as 24 commodities mais negociadas diariamente no mercado são da ordem de US$ 805 bilhões. A perda com o recuo dos preços nos últimos cinco dias foi de 11%. Aqui vão algumas observações que circulavam ontem no mercado internacional.
Kevin Norris, diretor do Barclays Capital, em Londres: "O declínio que estamos vendo não se deve à menor mudança nos (dados) fundamentais. Não é um ponto de inflexão." Ele prevê uma boa recuperação dos preços.
Robbert Van Batenbiurg, analista da Louis Capital Markets, de Nova York, para o site do Washington Post: "Não acredito que o boom de commodities passou. Vamos ver uma pausa (nos preços) o que é OK. Passado o verão (no Hemisfério Norte), creio que vamos retomar onde deixamos."
Safras duvidosas. Muitos acrescentam que as dúvidas sobre as safras nos Estados Unidos e na Rússia - grandes produtores de grãos - deverão provocar uma alta dos preços, que já se projeta agora. "Até abril, os preços aumentaram nove vezes nos últimos 10 meses", diz a ONU.
Sterling Liddlel, presidente da Rabi AgriFinance em Saint Louis, para a agencia Bloomberg: "Estamos diante de uma situação explosiva."
Dewing Grain, na Grã-Bretanha: "Vamos ( na China e nos EUA) decididamente produzir menos grão do que consumimos". Abah Ofon, Standard Chatered: "Depois do ano passado, com a queda na Rússia, o mercado não pode suportar uma safra pobre este ano. Em curto prazo, todos estão focalizados no clima."
Conclusão? A coluna selecionou entrevistas. Deu todas que circularam ontem em no mercado internacional, nos Estados Unidos e na Europa, que podem ser averiguadas nos sites das agencias especializadas (Bloomberg, Reuters,) do Financial Times, Economist, Wall Street Journal, New York Times e Washington Post.
A impressão é de que, apesar das oscilações bruscas, poucos acreditam num recuo significativo dos preços das commodities no mercado internacional este ano.
Quem tiver uma boa safra, vai ganhar. Exemplo, o Brasil.