Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, maio 19, 2011

Como é doce a oposição oficial Augusto Nunes


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O ex-governador José Serra e o senador Aécio Neves nem esperaram a divulgação da nota oficial que promoveu o ministro Antonio Palocci a doutor em assuntos econômicos e financeiros. O autor do milagre da multiplicação do patrimônio ainda caçava álibis quando se viu liminarmente absolvido pelos dois líderes do PSDB. "Acho normal que uma pessoa tenha rendimentos quando não está no governo e que esses rendimentos promovam uma variação patrimonial", antecipou-se Serra já na segunda-feira, à saída de um encontro com o presidente do PT, Rui Falcão.

Voltou ao assunto horas mais tarde, para avisar que "de forma alguma ia crucificar uma pessoa por causa de sua evolução patrimonial". Se estivesse no lugar de Palocci, o ex-governador paulista seria soterrado pelo PT por cobranças e denúncias que inevitavelmente mencionariam "sinais exteriores de riqueza" e evidências de "enriquecimento rápido". Mas os tucanos andam confundindo disputas políticas com cursos de boas maneiras. Ou concursos de Miss Simpatia, sugeriu a entrada em cena de Aécio Neves, que só na manhã de terça-feira emergiu de mais um surto de mudez.

Simultaneamente, o senador mineiro pediu explicações a Palocci e desculpou-se pelo pedido. "Esse é o momento, e essa é a posição majoritária da nossa bancada, de criar condições para que esses esclarecimentos possam vir a ser dados", começou o minueto. "Temos que ter serenidade para não prejulgar e firmeza para aguardar os esclarecimentos do ministro. Creio até que ele é o maior interessado". Sem que ninguém perguntasse, Aécio também julgou necessário lembrar que "a oposição não deseja desestabilizar o governo".

Em 2006, quando o caso do estupro da conta bancária do caseiro Francenildo Costa obrigou o presidente Lula a trocar de ministro da Fazenda,o despejo de Palocci nem de longe ameaçou a estabilidade do Planalto. Por algum motivo, o próprio Aécio resolveu insinuar que o eventual afastamento do chefe da Casa Civil resultaria numa grave crise institucional. Nem os petistas mais imaginosos pensaram nisso. Dilma Rousseff deve mais essa ao cordialíssimo oposicionista.

Serra fez questão de registrar que confia na palavra de Palocci. Pode-se deduzir que o ex-candidato do PSDB à Presidência desconfia da palavra de Francenildo Costa. "Pessoalmente, tenho muito respeito pelo ministro", fez questão de registrar Aécio. Pode-se deduzir que o provável candidato do PSDB à Presidência não tem nenhum respeito pelo caseiro. Quase 44 milhões de brasileiros discordam do governo e não concordam com os dois principais líderes da oposição oficial.

A campanha de 2014 ainda está longe. Mas Serra e Aécio já lutam com muita bravura pela chance de perder a eleição por excesso de covardia

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