Mendes e Alves nas Amarelas de VEJA |
As entrevistas das Páginas Amarelas de VEJA são uma das seções mais bem avaliadas pelos leitores da revista em seus quase quarenta anos de vida, a se completarem em setembro próximo. Nelas se revezam a cada semana escritores, cientistas, economistas, celebridades, médicos, estadistas, políticos, monarcas e pessoas comuns com coisas incomuns para contar. Nos últimos meses, as Páginas Amarelas têm sido com maior freqüência a caixa de ressonância de brasileiros cuja missão é fortalecer as instituições que dirigem em um tempo de desafios trazidos pela circunstância de estar instalado em Brasília um Poder Executivo hipertrofiado e quase hegemônico em iniciativas para o funcionamento do país.
Duas dessas entrevistas merecem destaque especial. A desta semana, concedida pelo ministro Gilmar Mendes, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e a publicada no dia 2 de abril, em que aparece o senador Garibaldi Alves, presidente do Senado. Em ambos os personagens, nota-se a urgência em manter (caso de Mendes) e em recuperar (caso de Alves) a relevância, a independência e a individualidade dos poderes que encabeçam. "No estado de direito não há soberanos. Todos estão submetidos às regras constitucionais. Todas as mudanças devem atender aos preceitos das cláusulas pétreas da Constituição Federal", disse Gilmar Mendes a VEJA em sua entrevista, surpreendente também pela inusitada franqueza nas respostas às perguntas sobre suas posições pessoais a respeito de temas vitais da vida nacional. Entre eles está a possibilidade de se abrir ao presidente Lula um terceiro mandato. O ministro Mendes declara-se antipático à idéia, em que vislumbra o que chama de "fumus de casuísmo".
Em sua entrevista, em abril, o senador Garibaldi Alves fez talvez o mais claro e sombrio diagnóstico das atuais circunstâncias que cercam o Parlamento brasileiro. Disse ele: "O Congresso deixou de votar, de legislar, de cumprir sua função. É uma agonia lenta que está chegando a um ponto culminante. Essa questão das medidas provisórias é emblemática da crise do Legislativo, que não é mais uma voz da sociedade, não é mais uma caixa de ressonância da opinião pública. Está meio sem função. O Congresso está na UTI". Ao dar voz às instituições, VEJA espera estar ajudando na consolidação do estado democrático no Brasil, seu papel primordial ontem, hoje e sempre.