Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 19, 2008

Tarso adverte chefe da PF no caso dossiê

Tarso adverte chefe da PF no caso dossiê

Planalto avalia que entrevista concedida por delegado à Folha tende a provocar dano político à ministra da Casa Civil

Delegado-geral, Luiz Fernando Corrêa, foi repreendido por declaração de policial de que ministério elaborou dossiê anti-FHC

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Tarso Genro, fez uma dura cobrança ao diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, na última terça. Motivo: a publicação naquele dia de reportagem da Folha com o título "Para delegado da PF, Casa Civil fez dossiê".
Tarso quis enquadrar a PF, para que a investigação não fuja ao controle do governo. O presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) avaliam que a reportagem indicou que a apuração da PF tende a provocar dano político ao governo. No caso, à própria Dilma.
Após reclamações de Lula e Dilma, Tarso falou com Corrêa. O delegado repassou a reprimenda ao responsável pela investigação, Sérgio Menezes. Desde então, o clima na PF é de tensão e de pouca conversa com a imprensa.
Segundo apurou a Folha, Lula e Dilma avaliaram que a reportagem já indicaria prejulgamento e enfraqueceria a defesa da ministra, que tem negado a confecção de dossiê. Alega ter feito um "banco de dados".
Mais: o governo insiste na investigação do vazamento, sob o argumento de que isso seria a parte criminosa do episódio. O Planalto desconfia que um "clandestino", como disse Lula, vazou o dossiê para a oposição. O governo não deseja investigar a autoria do documento.
A reportagem dizia que a equipe do delegado Menezes concluiu que a Casa Civil não obedecera ao padrão técnico e legal para manuseio de informações sigilosas. Portanto, o que Dilma chama de "banco de dados" seria um dossiê.
Tarso disse a Corrêa que o governo só poderia se manifestar publicamente se o delegado assumisse tal conclusão no inquérito. Queixou-se de supostos vazamentos que seriam prejudiciais a Dilma e determinou que a PF evitasse a imprensa. A Folha apurou que Corrêa transmitiu a Menezes a cobrança de Tarso.
De acordo com a avaliação da equipe de Menezes, a Casa Civil deveria ter seguido as normas do decreto 4.553, de dezembro de 2002, que versa sobre "salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos de interesse da sociedade e do Estado, no âmbito da administração pública".
Tarso já disse publicamente que fazer dossiês não seria crime. No entanto, a avaliação do delegado se choca com a tese de Tarso, pois o manuseio de dados secretos tem um rito específico que o Planalto não seguiu no caso.
Lula tem procurado proteger Dilma. Determinou que ela protelasse ao máximo o depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. A ministra deve ir ao Senado no início do próximo mês.

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