Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 19, 2008

Invasão deu prejuízo de US$ 20 milhões, diz Vale

Manifestação dos sem-terra que paralisou Ferrovia de Carajás por seis horas gerou perdas equivalentes a um dia de produção

Natalia Gómez

A ação realizada anteontem pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) na Estrada de Ferro Carajás, controlada pela mineradora Vale, gerou perdas da ordem de US$ 20 milhões à companhia, de acordo com o diretor da empresa para a área de ferrosos, José Carlos Martins. Ao participar ontem da inauguração de uma pelotizadora de outra mineradora, a Samarco, no município de Anchieta (ES), o executivo explicou que a paralisação na ferrovia fez com que a Vale perdesse o equivalente a um dia de produção, que soma 280 mil toneladas de minério.

“Perdemos um dia para regularizar as composições na ferrovia”, disse Martins. As informações apresentadas pelo executivo levam em consideração navios que deixaram de ser abastecidos no porto.

A invasão da ferrovia da Vale, situada no município de Parauapebas (PA), tornou-se uma das principais ações do MST para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás. Anteontem, completaram-se doze anos do assassinato de 19 trabalhadores sem-terra no município paraense. As ações para lembrar a data atingiram 17 Estados e no Distrito Federal.

A paralisação da estrada de ferro, em especial, chamou a atenção por ter desrespeitado uma liminar concedida pela Justiça que proibiu a invasão. A decisão foi tomada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro, por ordem do juiz titular da 41ª Vara, Wilson do Nascimento Reis. O líder do MST, João Pedro Stédile, foi advertido de que ele e o movimento poderiam ser multados em R$ 10 mil caso a determinação fosse desobedecida.

VERSÕES

Em nota distribuída após a manifestação, a Vale queixou-se do desrespeito à ordem judicial, disse se sentir indignada com a concretização da invasão e cobrou ação das autoridades em relação ao caso. De acordo com a companhia, um maquinista foi feito refém pelos sem-terra durante a ação e teve sua vida ameaçada pelos trabalhadores. Além disso, a mineradora informou que a ocupação impediu as atividades de cerca de 10 mil empregados e prejudicou o transporte de passageiros e de insumos para cidades situadas na região.

O MST, por sua vez, não assumiu a responsabilidade pela invasão e acusou a mineradora de tentar criminalizar o movimento. Ao repetir a mesma afirmação que fez nos dias anteriores à ocupação da ferrovia, o MST atribuiu a ação ao Movimento dos Trabalhadores em Mineradoras (MTM).

No momento da invasão da ferrovia, aproximadamente 1.300 manifestantes encontravam-se no local. A interdição foi suspensa somente por volta das 15 horas. Três horas depois do fechamento da via, a Polícia Militar paraense deslocou 450 homens do Comando de Missões Especiais com cães e bombas de efeito moral.

Não houve enfrentamentos, mas duas pessoas foram presas após a retirada dos manifestantes da pista.

Ainda durante a interdição, aproximadamente dez trabalhadores, segundo o MST, ficaram feridos depois que o trem da Vale carregado com minério de ferro não conseguiu parar. O veículo bateu em pedaços de madeira colocados sobre os trilhos, que acabaram atingindo militantes. A Vale negou que isso tenha ocorrido. O bloqueio da rodovia foi o terceiro nos últimos cinco meses.

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