O Banco Central (BC) está sozinho na sua tarefa de combater a inflação.
É difícil negar que hoje o consumo esteja muito à frente da capacidade de oferta da economia, descasamento que produz inflação de demanda. O consumo do governo e das famílias cresce perto ou mesmo acima dos 10% e, enquanto isso, o PIB avança 5%.
Quinta-feira, em nota técnica, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pareceu aceitar as evidências desse descompasso. Mas argumentou que o setor produtivo vai dar conta do aumento da procura graças à força dos investimentos, o que poderia dispensar a alta dos juros. É uma afirmação vaga.
É verdade que o investimento cresce perto dos 15% ao ano. Mas é bom ter em conta que o Brasil não é a China, que investe 45% do que produz. O País investe não mais do que 17% do seu PIB. Ainda assim, nada menos que 42% do investimento corresponde ao desempenho da construção civil (dado de 2005), que nada tem a ver com máquinas e capacidade de produção.
Sexta-feira, o presidente Lula reclamou das reações excessivamente emocionais quando o assunto é definição dos juros pelo Copom. É o que se conhece por “tensão pré-Copom”. Nisso, Lula tem razão. As lideranças dos empresários reagem nervosamente a tudo quanto se refira a juros primários (Selic) fixados pelo Banco Central, mas não se mexem quando os bancos puxam pelos juros que realmente contam para a atividade produtiva, como é o caso dos financiamentos de capital de giro e do desconto de duplicatas, cuja trajetória é substancialmente mais acentuada do que a da Selic (veja gráfico).
Mas os dirigentes dos empresários têm toda razão quando afirmam, como a nota da CNI também deixa claro, que, se for para agir preventivamente contra a inflação, como pretende o BC, então é preciso ir mais fundo; é preciso conter os gastos do governo federal, que crescem acima dos 10%, criam renda (pagamentos a funcionários, fornecedores, empreiteiras, etc.) e, portanto, mais consumo.
Quanto a isso, o BC é intencionalmente omisso. Nos seus instrumentos de comunicação com o público, especialmente no Relatório de Inflação, reconhece a disparada dos gastos públicos, mas não vai além. Não é capaz de ponderar publicamente que, se houvesse contenção das despesas públicas, os juros não precisariam ser tão altos.
Apenas para comparar, nos últimos anos o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) não deixou de emitir opinião sobre decisões de natureza fiscal, especialmente quando o assunto foi o tratamento a ser dado aos superávits orçamentários que apareceram em 1999 e 2000. Mesmo assim, até hoje o Fed é criticado por sua leniência quando o governo Bush decidiu restituir receita aos contribuintes.
Assim, espera-se que o Fed denuncie quando desarranjos fiscais sabotam o valor do dólar e prejudicam a política dos juros.
No entanto, o BC prefere aceitar passivamente a gastança do setor público como “um dado da realidade”. Isso também produz conseqüências. Uma delas é a de que ele tem de assumir sozinho o ônus do combate à inflação.
Entrevista:O Estado inteligente
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domingo, abril 13, 2008
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