O Estado de S. Paulo |
18/4/2008 |
Um jeito de ver as coisas é assim: o presidente Lula entendeu que inflação baixa dá voto. Por isso, dá força ao Banco Central (BC) - ou não a tira dele, o que é o mesmo - para que empurre a inflação dentro da meta. Assim, o BC pode ser visto como a instituição que cumpre as funções de cabo eleitoral do presidente. Outro jeito de ver essas mesmas coisas é assim: o presidente Lula adora gastar, mas entendeu que não pode deixar a inflação tomar corpo porque sabe que isso tira voto. Por isso, deixa para o BC a tarefa impopular de combatê-la com juros altos, para que possa continuar com a gastança. Domingo passado, o tema desta coluna (Missão solitária) era o de que o BC está sozinho no combate à inflação. Hoje se vê que também está sozinho nas pauladas que leva. Às vezes, os empresários reconhecem que não basta frear o Boeing em pouso apenas com reversão das turbinas e com os freios das rodas. É preciso contar com a ação dos freios aerodinâmicos (flaps). Ou seja, se fosse para combater a inflação apenas com os juros, além de uma dose turbinada, seria preciso uma pista para a economia com o triplo da extensão de uma pista normal. Enfim, para um pouso seguro e eficaz de uma economia aquecida demais, não basta contar apenas com a política monetária; é preciso contar com o manejo adequado da política fiscal, o que hoje corresponderia a realizar cortes implacáveis das despesas públicas. Mas, na prática, os empresários e a maioria dos críticos se comportam como se o BC devesse ser o único organismo encarregado de combater a inflação. E assistem ao governo Lula aumentar suas despesas correntes ao ritmo de 15% ao ano, como está acontecendo agora, como se isso não tivesse nenhum impacto sobre a demanda interna e sobre a inflação. Não basta manter um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de 3,8% do PIB, se as despesas crescem a uma velocidade quatro vezes maior. Ou o governo reduz suas despesas ou, então, o BC terá de exigir demais do freio dos juros. Outra boa questão é a da deterioração das expectativas. O BC pareceu alarmado com o que vinha vindo e se sentiu na obrigação de dobrar a dose dos juros porque verificou que os agentes econômicos estavam operando com ligeireza impressionante a etiquetadora de remarcação de preços. Ou seja, em três semanas, a coisa desandou. O ex-ministro Delfim Netto aponta como culpado dessa deterioração o próprio BC: ninguém estava aflito com a inflação, diz ele, aí veio o BC com seu terrorismo; avisou que vinha aí uma bomba inflacionária; como a turma acredita nele, tratou de se proteger; e foi o que provocou a desandada... Isso aí é como avisar a platéia de que tem fogo no cinema. Quem não estava com medo passou a ficar a partir do alarme e todos trataram de avançar em direção à porta de saída. Mas não há como deixar de avisar, de criar as expectativas de que virá um corretivo e isso pode, sim, provocar uma inflação adicional. Não dá para combater o fogo com todo aquele povo dentro do salão. O medo é efeito colateral. Confira 30 dias sem pânico - Ontem, completou-se um mês depois da intervenção do Federal Reserve (Fed) no Bear Stearns. Foram 30 dias sem pânico. Também ontem, o Merrill Lynch apresentou o balanço do primeiro trimestre: prejuízo de US$ 2 bilhões e corte de US$ 3,5 bilhões nos ativos. Mas o mercado confiou. Respondeu com alta de 4,05% nas cotações das ações. Antes da liquidação do Bear, tais números gerariam um pandemônio. Isso confirma que o mercado se tranqüilizou porque ficou definido que, ao longo desta crise, banco não quebra. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, abril 18, 2008
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