Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 18, 2008

Parabéns ao DEM por chamar as coisas pelo seu nome

por Reinaldo Azevedo
Uma nota irretocável a do DEM. Tão certo, no entanto, quanto dois mais dois são quatro — embora a moda seja dizer que são 22 ou que isso depende da vontade da maioria —, o partido vai acabar tomando algumas pauladas de setores da imprensa que, a exemplo do ministro da Reforma Agrária, consideram que a baderna é parte da democracia. Alguns chegam mesmo a considerar que é a sua melhor parte.

Acusarão exagero retórico, fala estridente em busca de uma causa e afins. São os mesmos setores que jamais reconheceram o caráter autoritário do petismo e dos autoproclamados “movimentos sociais”. Reagem a esse autoritarismo de modo não mais do que episódico, incapazes de reconhecer a essência antidemocrática de sua ação — ou talvez até reconheçam; é que partilham dos mesmos valores.

Parabéns ao DEM. Os dias são realmente muito pouco amistosos para as oposições. Segundo os petistas, os que criticam o governo não suportam o seu sucesso. Essa é a ladainha de todos os autoritários: se você não está com eles, é invejoso, sabotador ou partilha de — como é mesmo que se dizia na ditadura militar? — “valores estranhos à índole pacífica do nosso povo”.

E, no entanto, é preciso bater, sim. A rigor, é bom que todos os governos apanhem um pouco. Para que não tenham a ousadia de tentar tomar o lugar dos indivíduos, dos cidadãos. A estabilidade da economia, que começou a ser construída no fim de 1993 — contra a vontade do PT, que botou na rua os seus tontos-maCUTs —, não confere a ninguém a licença de se comportar ou como ditador, que ignora as leis, ou como promotor da baderna.

Chegamos à estabilidade com o cumprimento de regras, não o contrário.

Assim, é preciso ter a coragem de afrontar o governo — por mais popular que ele seja. Especialmente quando essa popularidade é usada como instrumento para forçar os limites da legalidade.

Nota do DEM apóia general e aponta leniência com o crime

O DEM divulgou uma nota em que expressa apoio ao general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, aponta um clima de “quase insurreição” que temos vivido e censura o governo pela leniência com movimentos de caráter criminoso. Segue a íntegra do texto. Comento no post seguinte:
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BRASIL EXIGE LUTA CONTRA O CRIME

A Comissão Executiva Nacional do Democratas vem a público exigir medidas efetivas contra o clima de quase insurreição que temos vivido; alertar a opinião pública para a irresponsabilidade contínua do governo no uso do dinheiro público e manifestar apoio ao comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira – ameaçado e intimidado depois que solicitou mudanças na política indigenista. Sobre essas questões, o Democratas solicita atenção da sociedade para os seguintes pontos:

1) o general Heleno Ribeiro Pereira advertiu que a questão indígena tornou-se "ameaça interna" à soberania brasileira na Amazônia referindo-se à necessidade de revisão do decreto presidencial que criou a reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. A pretexto de transformar tribos em “supostas nações independentes”, ONGs estrangeiras interessadas em consolidar a invasão do território nacional, agem livremente na reserva, que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana;

2) ao invés de levar em conta a advertência do oficial, o governo age no sentido oposto e está exigindo que ele explique afirmações feitas com base em fatos e informações incontestáveis. Com o pedido de explicações, o governo busca intimidar, ameaçar e silenciar o Comandante Militar da Amazônia com o objetivo de enfraquecer a posição de todos os que defendem a revisão da política indigenista do governo porque ela implica ameaça à segurança nacional;

3) ao mesmo tempo que sinaliza com punições contra quem age com seriedade, moderação e respeito às leis, o governo atua com permissividade e leniência ante as ilegalidades de grupos que investem contra a democracia, o estado de direito e a segurança pública. É com apoio, estímulo e financiamento público que o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, pratica ações ilegais de Norte a Sul do país e achincalha o direito de propriedade previsto na Constituição sem receber sequer uma advertência dos responsáveis pela ordem pública;

4) é o dinheiro desviado do bolso do trabalhador honrado, que tem a cultura dos direitos e deveres, que financia as ações ilegais do MST, grupo comprometido com a intolerância, a violência e o crime. Com que direito o governo transfere, sem prestar contas ao Congresso e à opinião pública, recursos públicos cada vez mais volumosos para financiar as jornadas de crime e de terror do MST? Qual a justificativa para doar verbas que deveriam acudir problemas de saúde, educação e moradia das pessoas, a quem cria ambiente de insegurança jurídica que resultará na imposição de pesados prejuízos ao país e a todos os brasileiros?

5) o Brasil não construiu a democracia para favorecer ilegalidades, seja a pretexto de proteger os índios, seja com a desculpa de combater injustiças ou sob a alegação de pretensas reparações a comunidades remanescentes de quilombos. A sociedade brasileira lutou para conquistar um Estado democrático de direito onde ninguém pudesse agir ao arrepio da lei. É preciso dar um basta aos que se escondem por trás de supostos movimentos sociais para aumentar o controle estatal da sociedade. Em vez de luta de classes, o país exige luta contra o crime.

Brasília, 18 de abril de 2008

Rodrigo Maia
Presidente

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