Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 11, 2008

Eliane Cantanhede - La Nave Va



Folha de S. Paulo
11/4/2008

Depois de liderar a mais espetacular aliança para as eleições municipais -do PSDB com o PT, a favor de um candidato do PSB em Belo Horizonte-, Aécio Neves já pode se dar ao luxo de desfilar por aí esfregando a competência política na cara dos adversários.
Vestindo a fantasia do avô, Tancredo, capaz de unir a ex-UDN e o ex-PSD, o PDS e o PMDB em Minas, ele acaba de ser recebido pelo PMDB como presidenciável. Os peemedebistas, que aderiram a FHC e a Lula com igual volúpia, já botam o pé numa canoa para 2010.
O primeiro a registrar o golpe foi Zé Dirceu, que no curto texto "La Nave Va", em seu blog, recorreu ao sucesso de Aécio para condenar o fracasso do PT da Bahia -que jogou para o alto a aliança com o prefeito João Henrique, do PMDB, para lançar candidato solo em Salvador.
O governador Jaques Wagner, do PT, teve um piti. Em entrevista, criticou Dirceu pelo "lugar-comum de dizer que o PT gosta de ser apoiado, mas não gosta de apoiar, o que não é verdade". Mas é verdade, sim. Dirceu está coberto de razão.
Se a desenvoltura de Aécio já produz esse tipo de efeito no PT, imagine-se no PSDB, sobretudo na metade do PSDB de São Paulo ainda com José Serra, o franco favorito das pesquisas para a sucessão de Lula.
Aécio soma, Serra divide. Um amplia horizontes, neutralizando o PT mineiro e atraindo homenagens e até tietagens no maior partido do país. O outro parece patinar. Perde o PMDB e não segura o DEM. O PSDB vai de Alckmin para a prefeitura, Kassab mantém a candidatura, Marta Suplicy só faz crescer.
Há, ainda, o noticiário desfavorável: o malogro da privatização da Cesp, o desabamento de um viaduto em obras, a debandada dos alckmistas da prefeitura. Só crise. Lula está impedido de concorrer.
Dilma deu pane antes da decolagem. Serra está à frente, mas sofre um cerco político. Convém não desconsiderar Aécio, que voa leve e solto para o que der e vier.

Arquivo do blog