Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 01, 2008

Dossiê contra FHC Quem é o pai

RICARDO NOBLAT

Durante reunião, ontem, da Coordenação Política do governo, Lula cobrou da imprensa a divulgação do nome de quem vazou para ela o dossiê montado na Casa Civil da presidência da República sobre despesas sigilosas do segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Gracinha, não é mesmo?

Deveria ter cobrado dos seus auxiliares o nome de quem autorizou a montagem do dossiê. O objetivo dele era constranger a oposição e esvaziar a CPI Mista do Cartão Corporativo. Cabe à imprensa proteger seus informantes. Do contrário jamais terá acesso a dados que o governo tenta esconder.

Na verdade, Lula não está interessado em descobrir o autor do crime. Porque é disso que se trata - um crime. Quer descobrir quem o denunciou. A essa altura - ou há mais tempo - ele já sabe quem foi o autor do dossiê cuja existência continua negando.

Ora, se o dossiê jamais existiu, ele não teria por que se preocupar com a identidade de quem ludibriou a inprensa com algo forjado. A essa altura, deveria estar celebrando mais uma mancada do que alguns apelidaram de Partido da Imprensa Golpista (PIG).

Ao fim e ao cabo, o autor indireto do dossiê é ele mesmo. O dossiê é filho da leniência com que Lula depois de eleito sempre tratou fatos e personagens claramente imorais. Ou o mensalão não foi uma imoralidade que Lula tentou rebaixar à condição de prática comum a todos os partidos?

Ou não terá sido imoral o comportamento de Severino Cavalcanti, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros, ex-presidente do Senado? E, contudo, eles foram alvos de elogios de Lula na semana passada. Um caiu por ter sido subornado. O outro porque usou lobista para pagar despesas da ex-amante.

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