Entrevista:O Estado inteligente

domingo, abril 13, 2008

CLÓVIS ROSSI Jeitinho não basta

HAIA- O Itamaraty promove ainda neste ano um encontro da diáspora brasileira. Chamará representantes de todas as comunidades de brasileiros espalhadas pelo mundo para tratar de entender melhor os seus problemas.
A simples convocação do encontro já reflete o crescimento de um fenômeno relativamente recente: a fuga para o exterior de cidadãos de um país que era, antes, apenas importador de estrangeiros. É difícil precisar quando a diáspora ganhou corpo, mas daria para dizer com pouco medo de errar que a ditadura militar deu um primeiro empurrão.
Em seguida, vieram as duas décadas ditas perdidas (pelo baixo crescimento econômico e pela inflação desbocada).
O fato é que, hoje, estamos um pouco ou muito em toda parte, com comunidades inteiras. Até na Holanda, um país bem pequeno, de língua esquisita.
Há inclusive uma rádio em português, a "Pulsa Brasil FM in the Netherlands". Seu responsável, o mineiro João dos Santos, está há oito anos no país, aprendeu a língua e, anteontem, desfilava com uma filmadora portátil nas mãos atrás do presidente Lula.
João conta que, legalizados, vivem na Holanda 11 mil brasileiros, um quinto dos 50 mil que falam português por aqui. Parte deles é cabo-verdiana, como os garçons do bufê contratado para o almoço que a rainha Beatrix ofereceu a Lula, que deram o popular jeitinho de contrabandear sanduíches para os jornalistas que entravam para a sala do trono pela porta dos fundos.
Brasileiro adora esse "jeitinho", tanto que, na tradução do discurso do primeiro-ministro Jan Peter Balkenende nesse almoço, havia um elogio ao "otimismo e ao jeito" do brasileiro. Pena que, na fala em inglês, Balkenende usou "hability", talvez por não haver "jeitinho" em inglês ou holandês. Por isso, é bom mesmo ouvir a diáspora, que jeitinho só não basta.

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