Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 01, 2008

Arnaldo Jabor - Espelho meu, quem é mais lindo do que eu?

O GLOBO

Lula está em lua-de-mel consigo mesmo
Olha aqui, Bush, meu filho... se você não der um jeito na economia do teu país, vai acabar me atrapalhando, porra... Tu invade o Iraque, quebra o país, suja o nome da América e ainda quer me encher o saco, olha aqui, Bush — traduz, Amorim — tu é otário, não tem o jogo de cintura que eu tenho, não adianta sapatear, nem dançar, porra, Bush, se toca....e tu também, ô, Chávez, tu piensas que yo no sei que usted muerre de inveja del meu prestigio e del Brasil , mas usted se f&*#de comigo porque e yo no te ataco nunca....Eu te elogio, yo soy "tu cumpañero"...

Tua cara ficou branca, piensa que yo não vi, tu ficou abestalhado com meu cinismo, quando yo te apontei e disse: "Hugo Chávez aqui, meu irmão, é um grande pacificador da América Latina!"...

tu não esperava por essa, hein, tus lábios tremeram, essa tua boca de Mussolini índio, de queixada para cima, abriu de surpresa com minha genialidade política de te chamar de "grande pacificador", tu ameaçando a Colômbia de guerra, com tropas na fronteira e enchendo o rabo de grana com o petróleo que o Bush fez a cag&da de aumentar o preço, hein? Tu é filho bastardo do Bush, esse pai de todas las imbecilidades do século, é com tu mesmo, Bush — traduz, Amorim —, isso: "pai de todas as merdas" que acontecem no mundo hoje... Mas, Chávez, tu ficou besta comigo, hein, confessa: "Tu es um pacificador... um Bolivar!" Há, há, há...

Meu Deus, como é maravilhoso ser eu! Eu posso virar o que quiser, que todo mundo me leva a sério. Como é bom ser eu!... Às vezes, tenho vontade de me comer a mim mesmo no banheiro...

Que lindo!... 60% de ibope, a economia vai bem, pois eu não sou besta e não mexi em nada que o FH me deu de bandeja, esse otário do FH me preparou a cama, fez tudo na economia geral e agora deito e rolo. Agora, é só eu esculachar ele, ameaçar com os cartões e, pronto, ninguém lembra nem que ele fez o Plano Real...

Não deixei ninguém mexer na economia. Grande Palocci... Aquele Dirceu queria matálo; não deixei. Descobri que a economia anda sozinha, enquanto a Dilma trabalha feito uma bóia-fria. No fim do expediente, ela varre o Planalto e apaga a luz...

Depois, é só falar no PAC nos palanques. Ninguém viu esse PAC, mas algum jornalista tem saco de ir conferir, pedir uma lista de obras? De modo que tudo vai indo bem. "Virtualmente".

Eu aprendi isso com os intelectuais: "simulacros pós-modernos". Há, há, há...

"E você aí, cumpanheiro Severino Cavalcanti!!!.

Severino ali sentado, meu povo, palmas para ele! Foi traído pela oposição!" Agora, vem cá, Severino... Eu te elogiei porque preciso dos votos que tu tem ainda no PMDB, hein... e também para fu#&er o Gabeira lá no Rio, ele que te enxotou da Câmara, porque eu prefiro entregar o Rio para a Igreja Universal do Crivella do que para ele...

Agora, tu é um babaca mesmo, hein?... Comendo de graça no restaurante da Câmara por dez "milzinho"... Tu comia o quê? Macarrão, estrogonofe? Ahh, Severino, eu gosto de você porque você é o "antieu", tu é o pau-de-arara burro que em vez de dar gorjeta ao garçom tu levava gorjeta... Há, há, há... gosto de olhar para você, para ver como eu venci... Eu sou f%#da!!! Você também, Renan... Eu deixei você aparecer com essa cara de vítima atrás de mim e te elogiei porque também preciso de votos do PMDB, mas tu é outro otário. Porra, tu não podia pagar normalmente a mulher? Tinha de ser propina? Tu é rico paca, dono de uma cidade, tu parou o Congresso 7 meses e eu tive de agüentar!! Só tenho inveja da mulher lá que tu chamou de "gestante"... Boa paca. E aí, conta, como é que rolava? Disso eu tenho inveja.

Presidente não come ninguém... sou vigiado o dia inteiro, eu e o Bush... É isso, aí, Bushão — traduz aí, Amorim. — "Porra, Bush, tu não come ninguém! Por isso, tu invadiu o Iraque!"...

Ai, meu Deus... que delícia...Eu posso tudo, eu virei um "maquiavel-macunaíma", escreveu um idiota outro dia... Eu até gostei do apelido...

Eu tenho o design perfeito para isso. "Lula" é um nome doce, carinhoso, familiar. "Lula" é fácil de entender. Eu sou o povo.

Sou um fenômeno de Fé. Quanto mais me denunciam, mais eu cresço. Posso tudo, posso mentir, preciso até da mentira para que o Sistema não caia, para eu me faça sucesso. Eu minto em nome de uma verdade maior! Eu desmoralizei escândalos, vulgarizei alianças, subverti tudo, inclusive a subversão. Eu ponho qualquer chapéu.

Olha o que o babaca do Jabor escreveu outro dia: "Lula representa uma nova de forma de "bonapartismo", um poder vertical em torno de uma liderança carismática, cuja legitimidade se funda na vontade do povo do qual ele seria o representante, acima dos políticos. Estamos assistindo a um bonapartismo de vaselina".

Sei que ele é uma besta, mas aqui ele tem razão. Eu inventei isso.

Eu me sinto acima de todos vocês, acima das mesquinharias da política real. Ninguém pode ser contra mim, porque eu sou a "favor" de tudo. Não erro porque não faço nada. A economia cresce e distribuo bolsas... Arrasei a oposição, que não sabe a que se opor... Ninguém tem palavras para exprimir indignação, ou, melhor, ninguém tem mais indignação para exprimir em palavras. Consegui uma grande anestesia no país, satisfeito, mas que não sabe o que está perdendo, o que poderia ser realizado, reformado, com tanta grana entrando... Mas eu não quero aporrinhação...

E nos jornais e revistas perguntam-me a causa de minha recente indignação, com tanto ibope. Perguntam por que eu defendo vagabundos? Só digo a você, espelho meu, aqui, nesta madrugada no Alvorada, aqui, nu no espelho, agora que a Mariza está dormindo... Eu sou milhares...

eu sou legião, refletido em mil imagens... Defendo o indefensável porque tenho a volúpia de dizer o impensável, privilégio dos "césares". Eu estou acima da moralidade, se elogio o ladrão, eu purifico o cara, como uma bênção...

Confesso também, espelho meu, que eu, operário que venceu, sem diploma, curto minha vingança e sonho também (ainda não decidi) com a aclamação total para um terceiro mandato... Eu em 2010? Que achas, espelho meu?

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