O Estado de S.Paulo
Tantas campanhas ditas politicamente corretas e factualmente incorretas são difundidas pela internet e
repercutem fora dela que não custava nada essa massa em estado de rebeldia à deriva abraçar um bom
combate.
repercutem fora dela que não custava nada essa massa em estado de rebeldia à deriva abraçar um bom
combate.
Há várias causas à disposição de soldados efetivamente interessados no aperfeiçoamento da nossa ainda
imperfeita democracia. Um exemplo? O fim do voto secreto no Congresso, ao menos para os casos de
cassação de mandatos comprovadamente incompatíveis com o decoro parlamentar.
imperfeita democracia. Um exemplo? O fim do voto secreto no Congresso, ao menos para os casos de
cassação de mandatos comprovadamente incompatíveis com o decoro parlamentar.
O assunto de quando em vez volta à discussão no Parlamento. Sempre que há algum escândalo
envolvendo deputados e/ou senadores ou quando assistimos a alguma absolvição escandalosa.
envolvendo deputados e/ou senadores ou quando assistimos a alguma absolvição escandalosa.
A última, em 2011, favoreceu a deputada Jaqueline Roriz, flagrada em vídeo recebendo dinheiro de
origem desconhecida pelas mãos de um conhecido frequentador - Durval Barbosa, o delator e
participante do esquema que resultou na queda do então governador do DF, José Roberto Arruda - de
terrenos onde a política se mistura à corrupção.
origem desconhecida pelas mãos de um conhecido frequentador - Durval Barbosa, o delator e
participante do esquema que resultou na queda do então governador do DF, José Roberto Arruda - de
terrenos onde a política se mistura à corrupção.
Em 2006, em meio a renúncias e absolvições de parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão, a
Câmara aprovou o fim do voto secreto. Foram 383 votos a favor, nenhum contra e quatro abstenções,
em primeiro turno.
Câmara aprovou o fim do voto secreto. Foram 383 votos a favor, nenhum contra e quatro abstenções,
em primeiro turno.
Na época houve muita animação e apoio à decisão. Mas o tempo passou, o clima de indignação
arrefeceu e a coisa por ali ficou faltando completar o processo de votação na Câmara e remeter a
proposta ao Senado.
arrefeceu e a coisa por ali ficou faltando completar o processo de votação na Câmara e remeter a
proposta ao Senado.
Agora com o caso do senador Demóstenes Torres volta-se a debater o assunto, embora timidamente. É
que a situação dele é tão grave, há tanta intolerância em relação ao disfarce de defensor da ética, são
tantos os inimigos que o senador colecionou por causa desse papel e é tão inconsistente (senão
inexistente) sua sustentação política, que o corporativismo dificilmente prosperará ao abrigo do voto
secreto quando o processo for ao exame do plenário no Senado.
que a situação dele é tão grave, há tanta intolerância em relação ao disfarce de defensor da ética, são
tantos os inimigos que o senador colecionou por causa desse papel e é tão inconsistente (senão
inexistente) sua sustentação política, que o corporativismo dificilmente prosperará ao abrigo do voto
secreto quando o processo for ao exame do plenário no Senado.
Portanto, ainda não será dessa vez que uma crise resultará em avanço e o voto secreto no Parlamento
continuará servindo de salvaguarda a representantes da sociedade que não desejam dar satisfações aos
seus representados.
continuará servindo de salvaguarda a representantes da sociedade que não desejam dar satisfações aos
seus representados.
Note-se, então, que esse assunto se inscreve entre aqueles passíveis de intervenção popular. Energia
solta no ar há de sobra. Pena que em boa medida desajeitada e por isso desperdiçada.
solta no ar há de sobra. Pena que em boa medida desajeitada e por isso desperdiçada.
Falta compreensão para distinguir o que realmente é importante para a melhoria do processo político
daquilo que tanto serve para aplacar consciências de inocentes úteis quanto presta serviço ao (não raro
remunerado) ofício da má-fé.
daquilo que tanto serve para aplacar consciências de inocentes úteis quanto presta serviço ao (não raro
remunerado) ofício da má-fé.
Roncos da reação. Há duas questões não respondidas pelas tropas de ataque à Veja: as denúncias
divulgadas pela revista eram verdadeiras ou falsas? Ajudaram ou prejudicaram na elucidação de casos
de corrupção?
divulgadas pela revista eram verdadeiras ou falsas? Ajudaram ou prejudicaram na elucidação de casos
de corrupção?
Considerando a veracidade e o benefício (abertura de inquéritos, processos e demissões) resultante das
reportagens e reveladores do compromisso com os fatos, resta a evidência de inequívoco desconforto
com a vigência da liberdade de imprensa no País e o indisfarçável desejo de alguma forma de
revogação da regra.
reportagens e reveladores do compromisso com os fatos, resta a evidência de inequívoco desconforto
com a vigência da liberdade de imprensa no País e o indisfarçável desejo de alguma forma de
revogação da regra.
Certamente não se veem assim, mas esses grupos atuam à semelhança de setores conhecidos durante a
ditadura como "bolsões radicais" contrários à retomada do Estado de Direito.
ditadura como "bolsões radicais" contrários à retomada do Estado de Direito.
Revisão. Leitor pondera e tem razão: se Carlos Augusto Ramos é tratado na imprensa como chefe de
um esquema criminoso, acusado em processo na Justiça de Goiás por diversos delitos entre os quais
lavagem de dinheiro, não faz sentido nos referirmos a ele como mero "contraventor".
um esquema criminoso, acusado em processo na Justiça de Goiás por diversos delitos entre os quais
lavagem de dinheiro, não faz sentido nos referirmos a ele como mero "contraventor".
Ademais... É como já avisou doutor Márcio Thomaz Bastos: o homem silenciará na CPMI a fim de não
se incriminar mais do que já está.
se incriminar mais do que já está.
Sem pai nem mãe - politica - versaoimpressa - Estadão