Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, abril 10, 2008

Eliane Cantanhede - Sorriso para a imprensa



Folha de S. Paulo
10/4/2008

Lula passou saltitante e sorridente pelos jornalistas, anteontem, a caminho da solenidade de cumprimento dos novos oficiais-generais. Dilma vinha logo atrás, de cara amarrada. Ele pegou a pupila pelo braço e a levou de volta, refazendo a cena: "Eu trouxe a Dilma aqui pra sorrir pra vocês". Não é que ela sorriu?
Isso mostra pelo menos duas coisas: 1) Dilma sofreu enorme desgaste junto à imprensa e ao público externo, mas está firme e forte no Planalto; 2) Lula não está nem aí para o dossiê e para o sufoco da chefe da Casa Civil. Como sempre, não sabe, não viu, acha tudo uma besteira e continua tocando a vida, o PAC e o Bolsa Família.
Enquanto isso, a Polícia Federal apreende seis computadores à cata do "clandestino", e DEM e PSDB continuam tropeçando nas próprias pernas. Em vez de assarem uma pizza, se preparam para assar duas, uma na CPI mista, outra na exclusiva do Senado. Se o forno começou com a tapioca, baixou para a gelatina e o chiclete no Aerolula.
Para completar a guinada no cenário, deputadas e senadoras governistas foram ao Planalto num ato de desagravo a Dilma, chamada de "galinha cacarejadora" pelo senador Mão Santa, num momento -aliás, não raro- de destempero verbal. O encontro com as companheiras -ou neocompanheiras- serviu para a ministra exercitar o papel mais conveniente no momento: o de vítima. Pega bem.
Sem fatos novos objetivos, foi feita uma pausa para avaliar perdas e ganhos. A candidatura Dilma desmoronou, e está na hora de apurar se há condições de reconstrução.
Até que ponto ficar tanto tempo em (má) evidência impactou indelevelmente a candidatura ou, ao contrário, atraiu solidariedade?
E não se pode descartar a descoberta de mais ossinhos e ossões por aí. Depende das CPIs, da imprensa e da PF, que não brinca em serviço.
Pelo menos não anda brincando.

elianec@uol.com.br

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