Entrevista:O Estado inteligente

domingo, abril 20, 2008

DANUZA LEÃO Noiva pobre, marido rico


Será que ele abre uma conta em nome dela, dá cartão de crédito ou diz para mandar as contas para a secretária?

CASAMENTO JÁ é difícil; casamento com marido rico, por incrível que pareça, é mais difícil ainda. Costuma caber à família da noiva bancar o vestido, o enxoval e todas as despesas. Afinal, um casamento é um casamento, e existem a igreja, as flores, a música, o vestido da mãe da noiva, da irmã da noiva, da avó da noiva, as damas de honra, e a festa propriamente dita. E o champanhe, claro. Se o noivo for rico e se oferecer para bancar todas as despesas, fica tudo mais fácil. Afinal, tem que fazer bonito perante a família dele, os amigos dele etc.
Mas depois da lua-de-mel começa a vida real, e chega a hora de conversar sobre as despesas da casa. Falar de dinheiro é sempre um estresse, e entre apaixonados, pior ainda. Será que ele abre uma conta no banco em nome dela, dá um cartão de crédito, ou diz para mandar as contas para a secretária?
Ela precisa saber até quanto pode gastar; será que ele diz? Assunto difícil, mesmo vindo de um marido. E se ele não disser, será que ela pergunta? E se resolver passar num shopping e comprar um vestidinho, tudo bem, ou ele pode achar ruim?
Detalhe: quanto mais rico ele for, pior. Se houver um teto para os gastos, ela pode achar que, diante da fortuna dele, é pouco; se não houver limite, ela pode sair gastando que nem uma louca -afinal, quem nunca comeu melado etc. Ele vai ter que dizer qual o limite, ela pode não gostar, aí já viu.
E em viagem? Um homem ao lado, pagando cada conta, nem pensar; e toda mulher precisa de um dinheirinho de bolso para comprar um chocolate, um batom, umas coisinhas de farmácia, pagar um táxi. Será que de manhã, na hora de sair, ele põe uma nota de cem dólares na bolsa dela, assim como quem não quer nada? Pedir ela não pede, mas se tiver um cartão de crédito daqueles dourados, ou o mais mais de todos, o de platina, pode ouvir um "vê lá se não exagera nas compras, hein?" Detalhe: se gastar muito pouco é capaz de ele achar que ela tem cabeça de pobre -é, tem homem assim. São raros mas existem.
Digamos que o casal seja convidado para uma festa. Uma festa não é só um lindo vestido: tem sapato, bolsa e jóias. Ela faz charme e diz que quer comprar um vestido bem bonito para ser a mais linda da festa -para ele. Mas pergunta até quanto? E homem lá sabe quanto custa roupa de mulher? Uma complicação.
Outro problema: se ela -que é pobrinha- se casa com ele -que é rico-, como fica a família dela? O irmão, que nunca foi nem a Búzios, passa a ter direito a férias em Nova York ou continua a ter como sonho de consumo ir a Porto Seguro, de ônibus, passar uma semana? Um terreno mais do que fértil para grandes embates: ou ela briga com o marido, ou o irmão briga com ela. Ele pode dizer, cheio de razão, que se casou com ela, não com a família dela.
Mas na hora em que ele negar a seu querido cunhado o que para ele seria uma migalha, ela vai continuar no mesmo bom humor?
Exceto nos romances, filmes e novelas, essa história de mulher pobre que se casa com homem rico é muito complicada; mas Deus é grande e o final é sempre feliz -as mulheres têm jogo de cintura e se habituam a qualquer coisa na vida, até a um marido rico.
Difícil, mas difícil mesmo, é quando um homem pobre se casa com uma mulher rica. Começa no namoro; na hora de pagar a primeira conta do restaurante, quem puxa o cartão de crédito?

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