DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando a ministra Dilma Rousseff decidiu calar-se sobre o dossiê com gastos do ex-presidente FHC, feito por sua equipe, deixou no ar uma contradição importante na mais recente e principal versão da Casa Civil para o trabalho, feito paralelamente ao sistema oficial de controle de gastos da Presidência.Na entrevista de sexta-feira, ela atribuiu anotações de viés claramente político nas planilhas da Casa Civil a uma suposta adulteração nos documentos. Na ocasião, reconheceu que parte dos arquivos tornados públicos, como a coluna com o título "observações", não seria compatível com um trabalho burocrático de organização de dados das prestações de contas do governo tucano.
Dilma disse que essa coluna inexiste na base de dados do Planalto. Ocorre que a presença da coluna "observações" nas planilhas foi confirmada anteriormente pela Casa Civil, mais de uma vez, até por escrito.
Por dois dias seguidos, a Folha questionou sobre essa contradição por meio de perguntas encaminhadas à Casa Civil. Não obteve resposta. Segundo a assessoria, a Casa Civil só se manifestará após a conclusão das apurações, que, por ora, se limitam a apontar o responsável pelo vazamento de dados.
Um parecer preliminar da auditoria do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) em cinco computadores da Casa Civil, previsto para sexta, foi adiado por tempo indeterminado. O motivo alegado foi a entrada da Polícia Federal na investigação. O prazo da comissão de sindicância interna criada por Dilma Rousseff só se esgotará no fim do mês. (MS)