Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Ninguém quer ser sócio de Renan na vitória

Noblat

Raras vezes se viu algo parecido em Brasília.


Salvo os senadores da chamada tropa de choque de Renan Calheiros (PMDB-AL), ninguém mais quer se associar à retumbante vitória colhida ontem por ele quando foi absolvido da acusação de quebra de decoro pelo folgado placar de 48 votos contra 29 e 3 abstenções.


Na verdade, a associação é deletéria. Cá fora, pega mal, muito mal.


Quem se absteve votou na prática para livrar Renan da cassação. Isso significa que os votos favoráveis a ele somaram 51. Sozinho, Renan vale mais do que a soma de todos os votos considerados certos pelo governo para aprovar a prorrogação da cobrança da CPMF.


O governo precisa de 49 votos em um total de 81 se não quiser perder a arrecadação anual de R$ 40 bilhões. Por ora, conta, se tanto, com 48. Empenha-se em amealhar no mínimo 51 para só depois votar a CPMF.


Renan deu-se ao luxo de não votar, tal era a segurança que tinha na vitória. Foi beneficiado pelo desempenho medíocre do seu principal acusador - Jefferson Péres (PDT-AM). Autor do parecer que recomendava a cassação de Renan, Péres pareceu conformado com a derrota anunciada.


Quem mais secundou Péres na acusação o fez quase pedindo desculpas a Renan pelo incômodo que lhe causava.


Doravante fica decretado que Renan não se associou ao usineiro João Lyra para comprar um jornal e duas emissoras de rádio em Alagoas. Como há dois meses foi decretado que ele não se valeu de um lobista de empreiteira para pagar despesas da ex-amante Mônica Veloso.


Saiu de cena o Renan enfezado, arrogante e desafiador que usou e abusou do cargo para preservar o mandato. Para efeito do público externo, entrou o Renan "Paz e Amor" Calheiros. Está destinado a ser o eleitor número 1 do seu substituto.

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