O mundo hoje, quando se trata de energia, precisa resolver duas grandes questões. A primeira: como fazer para aumentar a oferta das fontes. E a outra: como fazer isso sem pôr em risco o planeta. Mas há números espantosos: 1,5 bilhão de pessoas estão hoje sem acesso a energia e terão que entrar no mercado. Grande parte delas, na China, que usa a mais poluente das fontes: o carvão.
Economia, energia e meio ambiente estão definitivamente ligados e nós, aqui da coluna, ligadas nos temas.Foi por isso que Débora Thomé esteve recentemente no World Energy Congress, em Roma.
Já se sabe que o abastecimento terá que dar um salto nos próximos anos para atender ao aumento da demanda. Hoje 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso a energia. Esse déficit está distribuído de maneira completamente desigual. Nos países ricos — não é de agora —, praticamente toda a população tem acesso. Na África, os números são imprecisos, mas seria algo entre 10% e 35% da população com energia elétrica. O consumo per capita de energia lá é 1/15 o dos Estados Unidos.
No entanto esse cenário está em plena mudança. E, para atender ao aumento da demanda por energia, calculase que será necessário dobrar a oferta até 2050. Até 2030, a demanda energética mundial deve aumentar 50%. No período, os emergentes serão responsáveis pela maior parte do aumento no consumo.
— Temos de incluir as pessoas que não têm acesso à energia, mas temos de fazer isso sem prejudicar o meio ambiente — afirmou André Caillé, presidente do World Energy Council, logo na abertura do Congresso.
Porém, ainda que muito se fale do aquecimento global, a questão que realmente inquieta corações e mentes dos países desenvolvidos a curto prazo é o abastecimento.
No caso da Europa, ela depende em 50% do suprimento de países estrangeiros, principalmente da Rússia (75% do gás da russa Gazprom vai para lá). Nos próximos anos, essa dependência deve aumentar para 70%. A França é um pouco menos dependente do gás russo; a Alemanha era, pois seu gás vinha do Mar do Norte, onde hoje já são poucas as reservas. O que se diz é que a Rússia ajuda a compor este quadro ao cobrar barato pelo gás e, de certa forma, “escravizar” seu cliente. O problema é que a conta periga vir lá na frente.
O aumento do consumo assusta, e ainda não se sabe bem o que fazer para que ele diminua. O professor José Goldemberg, da USP, que participou de um dos painéis, acha que não há outra saída que não consumir melhor, ou seja, de forma mais eficiente e menos agressiva ao meio ambiente. Ele acredita que, antes mesmo do problema da mudança climática, é preciso estar atento a uma questão de curtíssimo prazo: a da enorme poluição.
Uma solução para aumentar o fornecimento de energia e reduzir os danos ao meio ambiente mesmo usando carvão seria mudar a tecnologia.
Existem tecnologias atuais — bem mais caras — que diminuem esse impacto.
A única fonte abundante na China é o carvão, mas o país não tem nenhum interesses em reduzir a emissão de CO2, até porque não tem meta a cumprir. E o Brasil ainda defende esta barbaridade: que o segundo maior poluidor do mundo não tenha que mitigar suas emissões.
Um estudo da Agência Internacional de Energia indicou que China e Índia vão dobrar seu consumo de energia entre 2005 e 2030.
Um dos resultados é que, já este ano, a China está ultrapassando os Estados Unidos em emissão de CO2. É por isso que cresce no Brasil a certeza de que o Itamaraty está errado e vai, de novo, defender essa posição na reunião da ONU em Bali.
— Brasil, Índia e China não querem assumir compromissos em relação às emissões, mas isso vai ter que mudar, afinal a atmosfera é a mesma para todo mundo, não importa de onde vem o CO2 — alertou Goldemberg.
O Brasil, se tiver metas de redução da emissão, só tem a ganhar: 2/3 das nossas emissões vêm da destruição da Amazônia.
Até 2020, a Europa quer fazer com que 20% da sua energia venha de fontes renováveis.
A região tem sido pioneira. A Alemanha vem ampliando o uso de energia eólica, assim como a Noruega.
Sem falar nos próprios biocombustíveis.
Com o aumento dos preços do petróleo, as fontes não tradicionais vão se tornando mais interessantes, e a escala faz com que o preço de geração delas caia.
Um outro tema que reaparece em vários seminários de energia é o das usinas nucleares. Na Europa, essa fonte é vista até mesmo como uma “fonte alternativa”.
Na França, boa parte da energia já vem dessas usinas, mas outros países são refratários à idéia. Na Itália, por exemplo, houve uma consulta popular sobre energia nuclear. Lá, mesmo no caso do carvão, as usinas têm muita dificuldade de conseguir licença.
Existe hoje um quebracabeça na energia a ser resolvido, mas cujas peças não andam se encaixando.
Os países que mais crescem estão demandando mais energia. Porém, com isso, acabam aumentando muito suas emissões de CO2. Esses países, por sua vez, não querem interromper o processo de crescimento de suas economias, nem assumir compromissos de redução de emissão. O que fazer diante disso? Afinal há um problema concreto e ameaçador: até 2015, 50% de toda a emissão de CO2 virão de China, Estados Unidos e Índia.
A Agência Internacional de Energia tem dito que é hora de parar de discutir e buscar soluções efetivas, que não têm sido encontradas.
E isso é urgente sobretudo com um petróleo tão caro. O mundo sofre com pouca oferta, preços altos e uma matriz energética bastante poluente.
Para isso, a solução apontada no Congresso foi só uma: a eficiência energética.
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