Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Meia Volta, Volver! Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -

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Confesso que andava cantando para nossa oposição, assim como para nós, eleitores descontentes com o rumo das coisas nestepaiz, a música do Ultraje a Rigor, “Inútil”. Lembram da letra? Não? Pois copio aqui o refrão:


Inútil!


A gente somos inútil!


Inútil!


A gente somos inútil!


Mas eis que, de repente, graças ao presidente Lula, e quero crer, à força da opinião pública, nossos senadores tucanos e demos tomaram uma injeção de semancol, e perceberam que não dava para continuar bancando a vaquinha de presépio do Governo Federal. Afinal, ainda somos uma democracia estruturada na independência entre os Três Poderes, não é mesmo?


O Executivo estava necessitado desse corretivo. Sei que os apaixonados não vão aceitar, mas vejamos:


A CPMF, era fato mais do que sabido, expirava em 31 de dezembro de 2007. O Planalto, mal iniciou este novo mandato, começou a tomar providências para prorrogá-la? Alertou seus principais assessores e lhes recomendou que chamassem a oposição para iniciar as negociações, já que até as benditas colunas do Alvorada sabiam que negociações seriam necessárias? Não.


Perdida essa oportunidade, chegaram a chamar os líderes da oposição para uma conversa franca? Ouviram o que lhes pediam? Procuraram avaliar a palavra dos congressistas que representam o povo tanto quanto o presidente da República? Foram chamados, é verdade, mas para ouvir que nada podia ser feito, era aprovar ou ir para o Inferno.


As ameaças do presidente eram tão apavorantes que davam até um frio na espinha, mesmo para quem, como eu, estava – e estou – convencida do acerto de acabar com essa taxa. A CPMF só interessava ao Governo Federal para custeio de programas muito indefinidos, e de pouca valia para nós, brasileiros.


São exatos 5 anos de governo Lula. Cinco anos de CPMF livre, leve e solta nos bolsinhos do Governo. Da taxa cujo destino era ser provisória e atender à Saúde Pública. Que nunca esteve num nível tão baixo. Não consigo compreender isso. Não consigo. Onde foi parar a CPMF recolhida até hoje?


As palavras do presidente Lula andam inteiramente desconectadas da realidade. Ele vive numa outra esfera. Tudo lhe sorri. O dinheiro entra fácil e generoso nas burras do Governo e ele pode bancar o paizinho, distribuir bolsas, lançar pedras fundamentais, prometer coisas e loisas, ajudar vizinhos esquisitos e ingratos, e até socorrer as escolas de samba aqui do Rio. Com a fortuna que arrecada, e com a pouca importância que dá ao Congresso, fica tudo muito fácil.


Agora, graças à sua malograda atuação, e à inteligência e persistência de alguns brasileiros, tenho a esperança de que Lula, passados os primeiros dias, quando será natural que extravase sua decepção, vá começar a prestar atenção no outro poder da República, o Legislativo.


Também é imperativo que nossos representantes, e aqui me refiro a todos, oposição e situação, se dêem conta de que curvar a espinha dorsal em demasia, não é de bom alvitre. Foi uma oportunidade de ouro para lembrarmos ao país que esta não é uma monarquia absoluta. É uma República e está baseada no equilíbrio entre os Três Poderes.


O Senado Federal, quando chamado à ordem, deu o bom exemplo. Foi um momento magnífico. Espero que a Câmara dos Deputados siga o modelo, e comece a trabalhar tendo sempre em mente que o Legislativo é tão importante quanto o Executivo.


O medo, que chegou a incomodar os corações mais sensíveis, era para inglês ver. O secretário de Política Econômica, Bernard Appy, foi claro ontem. Entre outras coisas, disse que o fim da CPMF não deve trazer maiores preocupações. E acrescentou:


“Se alguém tinha a intenção de atrapalhar esse cenário positivo está enganado, pois não vamos permitir que isso aconteça. Tomaremos todas as medidas necessárias para que o cenário positivo continue tendo curso no país”. (Fonte: Jornal do Brasil).


Essas é que são as palavras certas. Um peteleco na oposição, vá lá, mas em seguida a promessa de que, finalmente, o tão sonhado cenário positivo, em curso há cinco anos, dê o ar de sua graça.


Dou meia volta, volver, com muito prazer, e parabenizo, com afeto, os senadores que nos deram esse exemplo de cidadania.

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