Dúvidas acerca da economia em 2008
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Três dúvidas surgidas nas últimas semanas levam à adoção de maior cautela: sobre uma possível crise nos EUA; sobre o que fará o governo diante da não prorrogação da CPMF; e sobre a tendência de a conta de transações correntes do balanço de pagamentos voltar a apresentar déficit.
O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga é o que se mostra mais pessimista, calculando que o PIB deverá crescer apenas 3% em 2008, enquanto a Confederação Nacional da Indústria(CNI) projeta aumento de 5%.
A raiz do pessimismo de Fraga é a possibilidade - de 50% - de que a economia norte-americana entre em recessão no próximo ano, previsão que ele compartilha com a do ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan. Em entrevista ao jornal Valor, lembrava ele que o consumo da economia dos EUA é cerca de dez vezes maior do que o da chinesa, e que seria ilusão pensar que a demanda chinesa possa compensar a queda da demanda norte-americana, ainda mais levando em conta que o governo de Pequim está adotando medidas com vista a reduzir a demanda.
Se é real que a exportação representa um papel modesto na formação do PIB brasileiro, devem ser levados em conta outros fatores que possam conter o crescimento. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) prevê um crescimento de apenas 6% para as exportações, sendo de 15,7% para os produtos básicos e de apenas 1,5% para produtos industrializados, enquanto as importações aumentariam 15%, apesar de uma taxa cambial de R$ 2 por dólar. Isso deve traduzir-se num déficit em transações correntes que, enquanto for controlado, não deve preocupar, mas que está em vias de um processo de expansão.
A CNI estima que o consumo das famílias deverá crescer 62% e a Febraban conta com um aumento de 20% do crédito. Isso vai depender da vontade do Banco Central, de favorecer esse crescimento sem mexer na taxa Selic, e da evolução da inadimplência, que, por sua vez, depende da estabilidade dos preços e do aumento do emprego.
Nesse quadro a responsabilidade do governo será grande sabendo manter a saúde das finanças públicas sem a CPMF.