Entrevista:O Estado inteligente

domingo, dezembro 09, 2007

Direto da fonte Sonia Racy

''''Política é pra quem tem malícia''''

Flora Gil diz que o marido é ingênuo e que está mesmo na hora de ele deixar o ministério e cuidar da voz

Estava tudo certo: o encontro com Flora Gil seria durante um café da manhã no Hotel Convento do Carmo, num sábado, em Salvador. Na véspera, à noite, vem o aviso: a entrevista teria de ser "em trânsito", enquanto ela fazia mil outras coisas. Passaríamos a manhã entre o hotel e o espaço onde será montado o Expresso 2222, no circuito Barra-Ondina.

Flora só teria dois dias na cidade e não queria deixar de atender a todos os que esperavam por ela. E eram muitos: de patrocinadores e parceiros à sua afilhada - toda vestida com roupa de balé -, que aguardava ansiosamente por ela, no hotel.

Pontualmente, às dez da manhã, Flora, que detesta atrasos, estava a postos. Toda de branco - calça e blazer e sandália de salto alto. E não era sexta-feira! Sete quilos mais magra, graças à dieta preparada por sua filha Isabela, que estuda nutrição orgânica em Nova York.

Flora é uma mulher bonita. Vaidosa? "Não ao extremo", ela mesmo define, mas o bastante para fazer uma plástica no rosto. Satisfeita com o resultado, faz questão de tirar os enormes óculos escuros Marc Jacobs para mostrar. "Um dia desses comentei com o Carlos Fernando (o cirurgião plástico do Rio que a atendeu) que queria levantar um pouco aqui" - e enquanto fala ela mostra a região do queixo. "Foi tudo muito rápido..."

Enfim, termina uma entrevista coletiva com um patrocinador do Expresso e lá vamos nós a bordo de um jipe amarelo...

Qual sua formação?

Sempre fui uma boa vendedora. Não uma vendedora de produto, mas de idéias. Meu primeiro trabalho foi aos 17 anos. Morava em São Paulo com os meus pais e fui trabalhar como extra de Natal numa loja. Fui ficando... e, no terceiro mês passei a ser gerente. Depois fui inaugurar uma outra filial pra eles. E fiquei assim, um ano trabalhando lá. Eu gosto de me comunicar, de lidar com o público, de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Sou geminiana!

E onde entra o Gil nessa história?

Aos 19 anos comecei a namorar com o Gil. Aos 20, me casei. Não deu para fazer faculdade. A minha formação - acho que vou repetir e copiar Paula Lavigne, que disse assim: "Eu não fiz faculdade, mas casei com o Caetano." No meu caso é a mesma coisa: não fiz faculdade, mas casei com o Gil. É praticamente a mesma coisa, ou mais...

Aliás, as pessoas freqüentemente comparam as duas.

É normal a comparação. Comparam o Ronaldinho Gaúcho com o Ronaldo Fenômeno, a Gal com a Bethânia. As comparações vão existir sempre.

Isso incomoda?

Nem um pouco. Se comparam até o Gil com o Caetano, vão comparar a Paula com a Flora. Há pessoas que preferem a Paula. Outras, a mim. Existe um mito, um certo folclore de que eu e a Paula não nos damos bem. Não é assim. Conheço a Paula desde que ela começou a namorar o Caetano. A gente não fica junto o tempo todo, o dia inteiro. Ela não é a minha melhor amiga, mas é uma pessoa que respeito.

Hoje você é uma administradora de empresas?


Eu tenho uma produtora chamada Gegê Produções, no Rio. Quando conheci Gil ela já existia e era bem pequenininha. Depois que comecei a namorar com ele, abri a Gegê Edições. De direito autoral. Então temos a Gegê Produções, que produz shows, e a Gegê Edições, que cuida dos direitos autorais das obras de Gil e de outros autores. A gente tem também a Refazenda Web Design, uma empresa de internet. Criamos sites. Produzimos o de Gil, Caetano, Titãs, Gal... mais de 40. A maioria ligada à MPB. Estas empresas estão fisicamente no mesmo lugar e eu administro com gosto.

E as outras parcerias?

Faço algumas ligadas a cinema e teatro. Mas são parcerias pontuais. Acabo sempre de volta para o meu mundinho da Gegê Produções.

Quais são suas metas e sonhos?

Estou com 48 anos. Não tenho mais essa disposição de querer fazer tudo, abraçar o mundo. Até já tive isso, mas perdi com a idade. Aos 30 anos você quer abraçar o mundo: um show de manhã, outro à tarde. Não quer dormir direito. Acabou. Hoje me permito fazer só o que me agrada.

Então, qual o programa ideal?

Ficar o final de semana na minha casa, com meus filhos, meu neto. Hoje em dia eu sou avó (o neto é Bento, de 3 anos, filho de Bem Gil). Quero ter minha vidinha simples, sem o deslumbramento nem a intenção de ser a poderosa. Eu quero ter saúde, bem estar físico e saúde mental pra viver bem, com a família e com os amigos.

Você é uma mulher rica?


Tenho dinheiro para meu padrão de vida, que não é um exagero. Não tenho jatinho, não tenho barco, nem a ambição de querer ter essas coisas. Não sou contra quem tem, até admiro, mas tenho preguiça. Me tornei preguiçosa. Parece que tenho 80 anos. Não é isso. Apenas, quando se é mais jovem, a gente tem mais disposição de fazer um monte de coisas. Eu quero ficar quieta.

Quem é o mais preguiçoso do casal?

O Gil não descansa nunca. Mesmo assim, ele é mais preguiçoso do que eu.

Quando Gilberto Gil se candidatou a vereador em 88, você não queria que ele seguisse na política. E quando ele foi convidado a ser ministro e aceitou , qual foi a sua posição?

Eu nunca achei bom. Gil é uma pessoa muito boa, muito direita, muito honesta, muito transparente. Até demais. Às vezes ele é ingênuo. E eu acho que a política é feita para pessoas que têm um pouco mais de malícia. Eu não gosto do Gil na política, prefiro ele no palco, em casa. É desgastante para sua saúde, principalmente para a voz. Conciliar a carreira de artista com a de político sobrecarrega demais. Não acho necessário.

Depois de 5 anos no ministério, ele pretende deixar o cargo no final do ano. Como sai de lá?

Acho que Gil foi o melhor ministro da Cultura que o Brasil já teve. Não é só a minha opinião, mas a da maioria das pessoas. Um ministro que fez um trabalho muito bacana esse tempo todo em que ficou no ministério. Ele tem um time e tanto, mas está na hora de sair, de fazer o que tem vontade, poder dormir um pouquinho mais, cuidar da voz para não ficar tão rouco.

Agenda cheia de shows para o ano que vem?

Não é isso. Ele pode voltar para os palcos ou para os discos. Também pode ficar em casa mesmo, sem fazer nada. O desgaste na política são os horários, muito avião. Dorme num lugar e acorda em outro. Eu não estou dizendo que só penso nisso: saúde, paz, ioga?

Essa fitinha vermelha é da Cabala?

Não. É do Bonfim. Aquelas de nylon, que não acabam nunca...

Qual dos seus filhos você acha que vai tocar seus negócios?

José, o caçula, de 16 anos. Preta (Gil) também tem fibra para isso. Embora ela não seja minha filha, para mim é como se fosse.

Quando começa seu carnaval?

Em agosto, quando saio para vender patrocínios. Essa é a parte mais desgastante do Expresso 2222, a que menos gosto de fazer. Mas é necessário. Sem os patrocínios terei que cobrar ingresso para os convidados do camarote. E os foliões do trio terão que pagar pelos abadás.

Você parece "durona" na hora de trabalhar...

Não sou dura, cuido bem dos patrocinadores, cumpro o que prometo. E, quando dá, dou um agrado a eles, um banner a mais.

Quem cuida de suas coisas pessoais?

Eu mesma. Faço minha mala. Lista do supermercado. Check-in nos aeroportos e hotéis. Tenho três empregadas e um motorista. Também sou uma boa administradora do lar.

Impressão digital

Tom Ford


O estilista texano, que pretende abrir duas lojas de sua linha masculina em Moscou no ano que vem, justificou a escolha com a seguinte máxima: "Os americanos estão no século passado, quando o assunto é mercado de futuro." Ford, que também quer conquistar os Emirados Árabes, assinou a direção artística da Gucci e da Saint-Laurent por anos.

Na frente

Uma equipe que inclui o ex-Santander Gustavo Murgel - que foi indicado para a presidência do BNDES, mas não emplacou -, Cesare Rivetti, Henry Gonzalez, Ricardo Fajnzylber, Marcos Paolozzi, César Luciano e Marcos Eugênio da Silva lança quarta-feira o fundo Fram Capital.

Kim e George Esteve mostram hoje, a convidados, a Chácara Santa Helena, que pertenceu a seus pais, ao lado da Chácara Flora, onde vão construir 57 casas. Em uma pequena área de 85 mil m2.

Lá como cá. Comunicado da United Airlines informa investimentos em pessoal e equipamentos para evitar "problemas que possam ser causados pelo mau tempo e pelas dificuldades no controle do tráfego aéreo... dos Estados Unidos".

Quase Primeiro Mundo. Em conversa informal, Laurent Taste, presidente da Peugeot no Brasil, lembrou dado bastante interessante: a produção de automóveis no Brasil, este ano, deve ultrapassar a da França.

Trancoso, Angra dos Reis e Punta del Leste vão ter concorrência no réveillon: a praia de Jurerê, em Floripa. Várias festas estão sendo marcadas por lá.

Parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP vai para Salvador no começo do ano. Para a exposição de arte brasileira, entre fevereiro e março no Palacete das Artes.

O Instituto de Fiscalização e Controle, ONG formada por auditores fiscais, instala hoje um balão na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Pelo Dia de Combate à Corrupção. Lá no alto, frases exigindo transparência nos orçamentos das cidades.

O pessoal do Palácio dos Bandeirantes está "torcendo" para que Andrea Matarazzo não apareça por lá neste fim de ano. Temem que ele vá querer multar e expulsar camelôs, carrocinhas na contramão e outras miniaturas do enorme presépio instalado no hall de entrada...

Arquivo do blog