A escola não existe só para ensinar a ler e a escrever mas também para formar cidadãos. Dá vergonha |
NINGUÉM VAI me dizer que as crianças brasileiras só são mais inteligentes do que as de um país que se chama Quirguistão, do Qatar e da Tunísia. Por que, então, elas não conseguem aprender a ler? Porque quem ensina não sabe ensinar, claro.
Quando houve a tragédia da jovem presa na mesma cela com 20 homens, no Pará, logo veio a notícia de uma verba de R$ 89 milhões para melhorar as prisões do Estado, como se essa fosse a solução do problema.
Quando foram divulgados os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o ministro da Educação apareceu na televisão dizendo que seu ministério precisava de mais verba para que o ensino melhorasse. Mas o problema não é só de verba, em nenhum dos dois casos; é preciso saber como usar a verba, e até agora não ouvi uma só palavra sobre um projeto para formar novos professores.
Renovar as salas de aula, dar mesas e cadeiras para que os estudantes estudem é necessário, claro; mas sem bons professores, professores que saibam ensinar, nada vai mudar.
Leva tempo, eu sei, mas é preciso começar a investir direito para um dia colher os frutos, mesmo em um próximo governo que não seja do PT. O sistema de educação da França, um dos melhores do mundo, foi implantado por Napoleão Bonaparte ainda no século 19, e é tão bom que continua o mesmo até hoje. O Brasil não precisa criar; basta ir lá, ver e copiar.
Uma criança que passa apenas quatro horas do dia na escola dificilmente vai chegar em casa, pegar o caderno e, por vontade própria, fazer o dever de casa e estudar a lição. E sem essa de dizer que os pais, que antes colaboravam, hoje em dia não colaboram. Nos tempos atuais, na maioria das famílias, pais e mães não têm tempo de estudar com seus filhos porque trabalham, razão a mais para o garoto chegar da escola, ligar a televisão e ficar vendo um filme. O estudo e os deveres têm que ser feitos ainda no colégio, sob a supervisão dos professores, quem não sabe?
Crianças de 15 anos que não sabem ler corretamente, e quando conseguem, não entendem o que leram, é uma lástima. A escola não existe só para ensinar a ler e a escrever mas também para formar cidadãos. Dá vergonha e dá pena; o que será do futuro dessas crianças? O que será do futuro do Brasil? Não seria mais útil ter empregado o dinheiro da mais do que inútil TV Brasil em educação? E o R$ 1 bilhão do BNDES para ajudar na comercialização dos conversores da TV digital? Não seria melhor ser usado na educação?
Outra coisa que me chamou a atenção nessa semana foi a invenção, do ministro da Defesa, de multar as companhias de aviação que atrasarem os vôos. Muito bem, ótimo, quem não quer ter os aviões no horário? Mas até provar a razão do atraso -por necessidade de uma manutenção mais demorada, porém necessária, por exemplo-, vai ser um problema. As companhias não vão querer pagar por isso, e talvez prefiram "economizar" nesse pequeno detalhe, o que em aviação pode significar tragédia. Eu, por mim, prefiro que meu avião atrase a que caia. Será que estou errada?
Não é por nada não, mas este país está um caos, c-a-o-s. O Senado livrou a cara de Renan Calheiros, e eu gostaria de saber de alguma coisa, qualquer uma, da responsabilidade do governo, que funcione bem. Só uma, e eu já fico feliz (a estabilidade monetária não vale, esta Lula já encontrou prontinha). Quem souber que me mande um e-mail.