O governo federal enviou ao Congresso a PEC que prorroga a cobrança da CMPF até 2011.
Aprovada na Câmara, não sem alguns percalços, a PEC foi para o Senado.
A base aliada (base desalinhada) do governo tem 53 senadores, quatro a mais do que o necessário para aprovar uma emenda constitucional.
Quem tem o dever de aprovar a CPMF é o governo, não a oposição. Portanto, bastaria dar ordem unida à sua base, que o governo federal conseguiria aprovar com folga a CPMF.
Mas não. O presidente Lula decidiu dedicar-se a um jogo perigoso. Aproveitar a votação da CPMF para dividir a oposição.
O Democratas foi demonizado. Lula não perde oportunidade de chamar o partido de "direita", "partido dos ricos", "sonegadores".
Joga pobres contra ricos, num discurso demagógico, oportunista e muito perigoso.
Além disso, Lula também aproveita a CPMF para vingar-se dos tucanos, infligindo-lhes uma requintada tortura: quer transformar o PSDB em linha auxiliar do PT.
Em vez de se concentrar nos votos dos 53 senadores da base aliada e desprezar as adesões da oposição, o presidente quer mais. Quer tudo.
Quer ganhar com os votos do PSDB. E quer tucanos e democratas divididos.
O fato é que o governo ainda não tem os votos necessários para aprovar a CPMF. E, a conquistar quatro ou cinco votos entre os senadores da base governista, Lula prefere incentivar a vaidade, a rivalidade e as expectativas de poder dos governadores tucanos José Serra e Aécio Neves.
Tudo bem. Este é o jogo do presidente Lula e de seus assessores mais próximos. Está no seu papel.
Mas e a oposição, como reage?
O Democratas cerrou fileiras contra a prorrogação da CPMF. Decidido a se transformar num partido das classes médias urbanas (que odeiam o imposto do cheque), o DEM mira mais adiante.
Democratas aproveitaram a tramitação da CPMF para se consolidar como partido de oposição, situação, aliás, reconhecida pelo próprio presidente Lula, quando vocifera contra eles nos palanques pelo país afora.
Já os tucanos caíram na armadilha construída por Lula.
Os governadores Yeda Crusius, Teotônio Villela e Cássio Cunha Lima são meros coadjuvantes nesse processo. Os dois primeiros governam estados quebrados, e o terceiro está cassado pelo TRE, e governa sustentado por uma liminar do TSE.
As primas donas desta ópera são Serra e Aécio, que pressionam fortemente os senadores a votarem a favor da CMPF.
Serra, porque acredita nas pesquisas que lhe dão a liderança em 2010. Quer ganhar com a CPMF.
Aécio, porque quer ser esperto e se ilude, pensando que assim pode se tornar o preferido do presidente Lula em 2010, já que, no momento, não desponta um candidato natural das forças governistas.
O que os dois governadores parecem teimar em não compreender é que sua atitude pode destruir o que resta do PSDB.
Na Câmara, a bancada votou quase unanimemente contra a CPMF. No Senado, o líder da bancada, Artur Virgílio, já foi fundo demais, para aceitar recuos. Já declarou aos quatro ventos que os senadores do partido votarão contra a CMPF.
O novo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, declarou publicamente que os senadores tucanos votarão contra a CPMF.
Se Aécio e Serra forem vitoriosos, tanto Artur Virgílio quanto Sérgio Guerra terão que renunciar a seus cargos partidários, porque ficarão inteiramente desmoralizados.
A votação da PEC da CPMF é voto aberto, à vista de todos.
Que conseqüências um racha dos tucanos poderão trazer para o futuro do partido, inclusive para o futuro da candidatura Serra ou da candidatura Aécio?
Até chegarmos a 2010, precisamos terminar 2007 (a CMPF), passar por 2008 (eleições municipais) e transpor 2009.
Serra e Aécio serão tão cegos que não hesitarão em arrasar o PSDB, transformando o partido em escombros?
O jogo é muito perigoso. E não é só o presidente Lula que está brincando na beira do abismo.
Postado por Lucia às 00:00 - Comente | 56 comentário(s)
06/12/2007
O governo piscou primeiro
Governo e oposição estão de calculadora na mão, fazendo contas. Um diz que tem os votos para ganhar, o outro diz que tem os votos para derrubar.
Quem está falando a verdade? Difícil saber, porque os números mudam a cada hora.
O poder de sedução ($$$$) do governo é infinitamente maior do que o da oposição. Por isso, senadores tidos como votos certos contra a CPMF agora mudaram de lado, alegando razões superiores. Pois sim.
Acontece que o governo blefou. Disse que tinha os votos, a oposição pagou para ver e fez tudo para que a CMPF fosse a plenário hoje, quinta-feira.
Foi aí que o governo piscou. O líder do governo, Romero Jucá, disse que temia a falta de quórum na tarde de hoje, porque, afinal, é quinta-feira, e os senadores partem cedo para os seus estados.
Balela.
O governo tem, até agora, 44 votos certos, e três praticamente certos. Mas continuam faltando dois, para chegar a 49, o quórum qualificado de três quintos senadores, necessário para aprovar uma emenda constitucional.
Romero Jucá trabalhou o dia inteiro ontem para esvaziar a sessão de hoje. A base aliada debandou.
Os líderes dos partidos governistas no Senado já decidiram que a votação será mesmo na terça-feira, dia 11, antes da eleição do novo presidente do Senado, para o caldo não entornar ainda mais.
A argumentação que o governo vem usando, da extrema necessidade dos recursos, vem em momento inoportuno, porque os sucessivos recordes de arrecadação já supriram a eventual falta da CPMF.
De outro lado, o presidente Lula argumenta que a extinção da CMPF vai prejudicar os mais pobres, aqueles que dependem do SUS.
A argumentação também não é boa. A saúde pública no Brasil está em estado mais do que caótico, terminal, porque os recursos da CPMF são desviados para sustentar o inchaço da máquina pública.
Portanto, o setor já está vivendo sem a CPMF há tempos.
O verdadeiro problema está na base aliada. Que, aliás, deveria se chamar "base desalinhada".
São 53 senadores. E o governo ainda não conseguiu nem 45 votos.
Se a oposição deixar que esta conta seja espetada em suas costas, será muita incompetência.
Uma coisa é certa: o fim de semana promete emoções fortes.
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