Coluna - Coisas da Política - |
Jornal do Brasil |
12/12/2007 |
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, recorreu à televisão para enviar uma mensagem a Manuel Marulanda, comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Foi o primeiro sinal de que Sarkozy não sabe com quem está falando. Prestes a completar 78 anos, desde os 34 o destinatário do recado se refugia em grotões parados no tempo. Está mais para o rádio que para a televisão, que ainda engatinhava nas cidades em 1964, quando se enfurnou na selva para derrubar o governo à bala. Mais de 43 anos depois, continua por lá, zanzando entre acampamentos desprovidos de televisores. Só depois de retransmitidas em espanhol por emissoras de rádio colombianas chegaram a Marulanda as palavras de Sarkozy. "Eu tenho um sonho: ver Ingrid Betancourt com a família no Natal", começa a mensagem que reivindica a libertação da ex-senadora seqüestrada há cinco anos". Foi o segundo sinal da distância cósmica entre as duas cabeças: quem sempre acreditou que a religião é o ópio do povo dificilmente se comoverá com a evocação da data mais importante do calendário cristão. "O senhor pode tornar esse sonho realidade", prossegue o presidente da França. "O senhor pode mostrar que as Farc compreendem imperativos humanitários". Decididamente, Sarkozy não sabe com quem está falando. Se soubesse, não usaria o tratamento reservado a chefes de governo na mensagem a um serial-killer fantasiado de marechal da floresta. Nem gastaria seu francês com expressões desprezíveis para a sigla que revogou a compaixão, afundou na selvageria, trata adversários como animais e condena ao cativeiro por tempo indeterminado todos os reféns. Que Máfia, que nada. Que PCC, que nada. Hoje, a maior e mais brutal das tribos do crime organizado é a sigla com quatro letras e 15 mil guerreiros fora-da-lei. Batalhas reais são cada vez mais raras. Multiplicam-se os seqüestros e assassinatos. "Eles são capitalistas", constatou o bandido brasileiro Fernandinho Beira-Mar, que conviveu meses a fio com caciques do bando até ser preso em 2001 pela polícia colombiana. "Os caras só pensam em dinheiro. É dinheiro o que querem". O depoimento de Beira-Mar atestou que o ambulante Marulanda, há 50 anos sem endereço fixo, consumara a espantosa metamorfose vislumbrada num trecho da entrevista concedida em 1978 a uma TV alemã. O que tinha de revolucionária a prática de seqüestrar pessoas e exigir o pagamento do resgate?, perguntou o repórter. "Você ainda não entendeu que a guerrilha é um meio de vida", respondeu Marulanda. Antes da entrevista, perdera a firmeza nas mãos que o tornaram famoso com o apelido de Tirofijo. Depois da frase, ficou evidente que perdera a fé ideológica e os derradeiros escrúpulos. E então vieram a aliança com o narcotráfico e a a derrocada. As Farc só pensam em dinheiro. Ingrid Betancourt não será libertada com palavras. Melhor perguntar a Marulanda quanto custa uma ex-senadora. |
Entrevista:O Estado inteligente
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