Artigo - Villas-Bôas Corrêa |
Jornal do Brasil |
19/12/2007 |
Como sentencia o amigo do senador Marco Maciel, o sempre lembrado filósofo pernambucano injustamente oculto pelo anonimato, "as conseqüências vêm sempre depois, nunca antes". Pois ainda agora, pela linha provável da coincidência, o presidente Lula foi convertido à lição de experiência de vida do amigo do esguio senador, no salto acrobático do desabrido impulso inicial, quando distribuiu duras acusações aos oposicionistas, responsabilizados pela maior derrota do seu segundo mandato com a rejeição, pelo Senado, da prorrogação até 2011 da cobrança da Contribuição Provisória sobre a Mobilização Financeira - CPMF, que tungou R$ 40 bilhões previstos para o próximo ano, destinados a investimentos na área social. A cólera da frustração não é boa conselheira. Lula acusou os tucanos e democratas de votar por mofinos objetivos políticos, prejudicando os necessitados protegidos pelo Bolsa Família e outros programas sociais. E aproveitou para renovar as críticas ao seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, uma de suas obsessões. O presidente caiu em si, o que é um dos tombos mais traumáticos. E mudou da água para o vinho. Para começo da cambalhota, refez as contas, simples operações de somar e subtrair: dos 49 votos de senadores para a aprovação do imposto do cheque, faltaram quatro dissidentes do bloco governista. O que confirma que a derrota da CPMF foi cozinhada no fogão doméstico, nas rixas entre os aliados pelas fatias do bolo das nomeações, obras eleitoreiras e demais mercadoria nas barganhas dos hábitos petistas. Não foi o único remorso a atazanar a cabeça presidencial. No escorregão ético, enfim reconheceu a contradição insanável do troca-troca de posições que deixa o governo e a oposição pendurados na impostura: durante o governo de FH, o autor da CPMF, Lula e o PT foram implacáveis adversários de um imposto com apelido de contribuição financeira e que só beneficiava os ricos. E, na trincheira do governo, o PSDB e o PFL, atual DEM, claro que fecharam na sua aprovação. Governo e oposição coçavam-se com as sarnas da contradição. Mas, para o presidente, o somatório de erros, as clamorosas falhas de uma articulação de pasmosa incompetência custou o preço, que não há como saldar, da derrota e de um corte de R$ 40 bilhões para os planos de uma arrancada do atoleiro no segundo ano da reeleição. E, o contrapeso de um começo de balbúrdia no esquema, desde o Palácio do Planalto aos ministros envolvidos no fiasco, trocando farpas para sair da reta das cobranças. É cedo para prever até onde conduzirá a reconciliação presidencial com a lucidez e o bom senso. Mas os sinais são animadores. Lula mudou o tom e o tema dos discursos. Centrou as cobranças e críticas nas trapalhadas da turma de casa. Um passo a mais e chegaria à autocrítica. Mas seria exigir muito do temperamento de quem não cansa de proclamar que é o maior presidente e que está fazendo a melhor administração da história deste país. Entre as justas e repetidas louvações aos índices de crescimento, à popularidade blindada do líder que seria imbatível na disputa de um terceiro mandato, que saiu de cena com a trombada no Senado, as manchas das imagens da rede rodoviária à espera das promessas de recuperação, de portos com filas de navios, com as ferrovias caindo aos pedaços ainda não o atingiram. E a insegurança ascende ao pódio do mais preocupante desafio ao governo, nos três níveis. Sem solução a curto ou médio prazo. São anos, décadas de abúlico desinteresse diante da favelização que atrai o tráfego de drogas, a violência, os seqüestros, a indisciplina da falência da autoridade. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, dezembro 19, 2007
Villas-Bôas Corrêa : Lula encaixa a derrota
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