Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, dezembro 18, 2007

ELIANE CANTANHÊDE À sombra de Palocci

BRASÍLIA - Antonio Palocci está subindo rapidamente, Guido Mantega está caindo no mesmo ritmo. Pelo menos na estratégia econômica, na tática política e especialmente no conceito de Lula. No início do governo, Palocci foi muito bem, ao manter a política e a equipe do tucano Pedro Malan e demonstrar habilidade para impor-se no PT, dialogar com empresários, ganhar simpatias na oposição e passar Lula no bico.
Tudo isso ruiu quando, por trás da máscara do bom moço, surgiu o líder da turma de Ribeirão Preto, às voltas com o Ministério Público e capaz até de usar o arsenal do Estado contra o caseiro Francenildo.
Palocci se foi, mas não foi para valer. Mantega chegou, mas também não foi para valer. Um é político e ambicioso. O outro é técnico, dava lições de economia a Lula durante suas campanhas, mas, vencida a eleição, ficou fora da Esplanada dos Ministérios, no banco de reservas. Só entrou em campo quando Palocci saiu. E não brilhou.
Quando o Planalto enfim percebeu que a CPMF corria risco, Mantega voltou ao banco e foi Palocci quem se reuniu com tucanos, articulou governadores, analisou fórmulas -ou seja, negociou em nome do governo. Perdeu o imposto, mas voltou ao gramado com a bola toda.
Mantega já vinha acusando o golpe. Em entrevista há uma semana, declarou que seu grande mérito é não ter mérito: sem "ambições próprias", não "faz sombra" ao presidente. Ao contrário do titular.
Se Palocci foi o negociador, não fez sentido Mantega alardear novos impostos e cortes nas obras do PAC e nos programas sociais. Tudo isso pode de fato acontecer, ele não deveria era falar antes da hora.
Dando um "cale-te" à la rei Juan Carlos no ministro da Fazenda, Lula deixou Mantega ainda mais à sombra de Palocci. Justamente quando os "pacotes" estão de volta.

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