Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, dezembro 11, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Madame anda falando demais

BRASÍLIA - Deveras instigante Rosane Collor falar ao repórter Alexandre Oltramari, da revista "Veja", justamente neste momento de absolvição de Renan Calheiros, de troca-troca para aprovar a CPMF, de Senado ladeira abaixo.
Rosane falou muito, até sobre sacrifício de animais e outros rituais de magia negra na Casa da Dinda e arredores. Mas o principal não foi o que falou, foi o que não falou. Resposta às quatro últimas perguntas: "Não posso falar sobre isso".
Sobre o que madame não pode falar? Sobre a origem do dinheiro de Collor, que lhe dava mesada de R$ 40 mil e mimos como um Porsche. Sobre o saldo de US$ 60 milhões da parceria Collor-PC Farias. Sobre eventuais contas secretas no exterior. Sobre o medo de retaliações.
Muita coisa mudou desde 1992, quando os caras-pintadas foram às ruas e o PT ainda era o PT. O Ministério Público, a Polícia Federal e a imprensa aprenderam bastante, e, de todas as frentes de investigações que selaram o destino de Collor, apenas duas não resistiram aos anos: as CPIs e a diligência petista.
As operações da PF, às vezes espalhafatosas, sempre com nomes sugestivos, prendem milhares nas mais diferentes áreas. O MP está tinindo. A imprensa investigativa não perdoa. Mas agora, como na época do impeachment de Collor, ninguém fica preso, e o dinheiro nunca aparece. Ganhou, ganhou.
Cadê o dinheiro do Collor? Do juiz Lalau? Do Maluf? Do Jader? As perguntas para Rosane foram bem claras: de onde veio o dinheiro, para onde foi, onde está? Ninguém sabe, ninguém viu. O gato comeu.
A história, inacreditavelmente, se repete. Motoristas, secretárias, caseiros e especialmente amantes e ex-mulheres continuam prestando enorme contribuição para elucidar crimes, quer dizer, para esclarecer dúvidas.
Mágoas e rancores são péssimos companheiros, mas há males que vêm para o bem. Conta, Rosane!


elianec@uol.com.br

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