O Estado de S. Paulo |
7/12/2007 |
O congelamento dos juros pagos nas dívidas hipotecárias de alto risco, ontem anunciado pelo presidente Bush, tem forte impacto político imediato, mas desafia princípios defendidos pela sociedade americana. A medida pode beneficiar 1,2 milhão de famílias cujas hipotecas correm risco de serem executadas. Algumas estimativas dão conta de que cerca de 30% dos tomadores de empréstimo considerados de alto risco (subprime) não estão pagando suas dívidas. Isso pode alcançar cerca de 4% do mercado hipotecário dos Estados Unidos. Nas próximas semanas, ficará mais claro se o plano vai ficar por aí ou se será estendido a outras faixas de mutuários. Perdem os aplicadores em investimentos imobiliários cujos recursos foram repassados aos compradores de casa própria. Pelas mesmas regras contratuais, eles teriam direito aos reajustes de juros a serem repactuados. Como não vai haver a repactuação, as vantagens desaparecerão. A essa gente está sendo argumentado que, pior do que perder o reajuste com juros, seria perder todo o investimento caso a inadimplência aumentasse, como se previa, e os preços dos imóveis hipotecados desabasse. O mercado financeiro respirou aliviado porque finalmente foi encaminhada uma solução para uma encrenca que até aqui parecia sem saída. Os políticos ligados ao governo comemoram porque a crise e, mais do que ela, a perspectiva de milhares de mutuários virem a perder a casa onde moram, seriam um fato com graves efeitos eleitorais para o Partido Republicano. Esse impacto é tão relevante que mesmo os políticos da oposição não ousaram se opor à iniciativa, como se pode conferir pelas declarações de dois candidatos democratas à Presidência dos Estados Unidos, a senadora Hillary Clinton e o senador Chris Dodd. Não há dinheiro público envolvido na iniciativa. Benefícios e perdas são partilhados entre os players do mercado. Mas essa intervenção enfrenta um punhado de princípios solidamente incrustado na cultura americana. O primeiro deles é a intervenção do governo nos contratos privados. Embora admitida por lei, pode ser entendida como precedente perigoso, capaz de justificar intervenções mais importantes, talvez até mesmo com envolvimento de recursos públicos. Um dos questionamentos a serem feitos com mais insistência é o da abrangência da decisão. Por que beneficia um número tão limitado de vítimas do mercado imobiliário e não todas? Além disso, aqueles que até agora vêm honrando religiosamente seus compromissos podem se sentir punidos na medida em que não ganharão nada por terem respeitado seus contratos. Outro valor sob foco é o repúdio ao risco moral (moral hazard). A idéia é a de que aqueles que decidem correr riscos têm de ser conseqüentes com a decisão tomada. Devem ser premiados se obtiverem sucesso e castigados se fracassarem. Na medida em que uma intervenção do governo elimina as conseqüências naturais de uma decisão de risco, todo o sistema de punição e prêmio pode cair. Assim, as pessoas prefeririam assumir riscos porque saberiam que, em caso de fracasso, poderiam contar com socorro oficial. Em todo o caso, os dados foram lançados. Confira Retomada - O objetivo do governo dos Estados Unidos com a operação de congelamento dos juros hipotecários foi trazer de volta a confiança, mercadoria em forte baixa entre os cidadãos americanos nos quatro últimos meses. Comando - Como o secretário Henry Paulson sugeriu com seu pronunciamento, a mensagem é de que a economia tem comando. O presidente do Fed (o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, não vacilou. Apoiou a decisão. Prova do pudim - Agora vem o estágio da execução e de ver se o plano funciona.
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Entrevista:O Estado inteligente
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