Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 08, 2007

Aiatolás desistiram da bomba em 2003, diz a CIA

A CIA muda de idéia

A espionagem americana agora diz que
o Irã suspendeu a pesquisa de armas nucleares


Duda Teixeira

Mehdi Ghasemi/AP
Ahmadinejad comemora sua "vitória": dá para confiar nele?

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Não importa mais qual é o conteúdo dos relatórios das agências de inteligência americanas. Depois de trapalhadas sucessivas, como a que justificou a invasão do Iraque aventando a existência de armas de destruição em massa que nunca foram encontradas, qualquer que seja a conclusão dos seus espiões, o resultado é sempre recebido com certa desconfiança. Na segunda-feira passada, foi divulgado um relatório preparado com dados recolhidos pelas dezesseis agências de inteligência dos Estados Unidos cuja conclusão é que o programa iraniano de armas nucleares foi interrompido em 2003. A afirmação contraria outra, do mesmo serviço secreto, publicada há dois anos, segundo a qual o projeto secreto dos aiatolás estaria em plena atividade. O texto produziu dois efeitos imediatos e antagônicos. Em primeiro lugar, minou o discurso do presidente George W. Bush, que em outubro incluiu até a possibilidade de uma terceira guerra mundial, diminuindo consideravelmente o risco de um ataque preventivo ao Irã. Ao mesmo tempo, o relatório retirou argumentos dos países que negociavam um reforço nas sanções econômicas ao país dos aiatolás, as quais vinham obtendo algum sucesso.

Jim Watson/AFP
George W. Bush: surpreendido pelos próprios espiões


O impacto causado pelo atestado de idoneidade dado gratuitamente aos aiatolás foi sentido especialmente pela brigada "bombardeie Teerã" no governo americano, cuja figura mais notória é o vice-presidente Dick Cheney. Bush, pego de surpresa com a informação de seus próprios espiões, sustentou, atordoado, que o Irã "era perigoso, é perigoso e continuará sendo", no que foi apoiado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy e pela chanceler alemã, Angela Merkel. Ambos negociam a instalação de um escudo antimísseis para proteger a Europa de ataques vindos exatamente do Oriente Médio. Na falta de ter o que dizer, os candidatos à sucessão de Bush passaram a evitar o assunto. Em Teerã, o relatório foi festejado como uma "vitória" pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. A questão, evidentemente, é em quem acreditar. O Irã tem uma estrutura de governo impenetrável, e ninguém sabe com certeza que maquinações esconde. Para os israelenses, baseados em seu próprio serviço de inteligência, o Irã já retomou seu programa bélico e, cedo ou tarde, terá a bomba. "A idéia de exportar a revolução islâmica para o mundo é ideológica. Dificilmente será abortada com argumentos racionais", disse a VEJA o vice-ministro de Relações Exteriores de Israel, Majallie Whbee, que esteve no Brasil na última semana. "Quando conseguirem o que pretendem, quero estar longe do Oriente Médio."

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