13/3/2004
"Se depender do PT, a maior contribuição científica brasileira continuará sendo o polvilho
anti-séptico Granado, para as frieiras nos pés.
Chega de reclamar de Bush. Lula é muito mais
retrógrado do que ele"
O ministro da Saúde, Humberto Costa, anunciou que quer diminuir em 15% a mortalidade materna. Há uma maneira simples e rápida para atingir a meta. Basta legalizar o aborto. Calcula-se que os abortos clandestinos sejam responsáveis por cerca de 15% das mortes de gestantes. Acabando com os abortos clandestinos, a mortalidade materna diminui na mesma proporção, em particular entre as mulheres mais pobres e mais jovens.
O plano de Humberto Costa, como todos os outros planos do governo, é só conversa mole. Ele promete salvar a vida dessas mulheres garantindo o acesso ao planejamento familiar. O planejamento familiar é uma das inúmeras falácias da nossa Constituição. Foi o subterfúgio empregado pelos constituintes para impedir qualquer política de controle da natalidade. Sobretudo o aborto. O planejamento familiar se baseia quase exclusivamente em programas educacionais. Quando o poder público não sabe resolver um problema, como a criminalidade ou a miséria, recorre sempre à educação. A educação é o principal mito paralisante do Brasil, o argumento que sufoca todos os demais. Se os políticos parassem de usar a educação para encobrir sua incompetência e inoperância, o Brasil teria alguma chance de ir para a frente.
No mundo todo, o direito ao aborto foi uma conquista dos partidos de esquerda. Até alguns anos atrás, o PT o defendia. Em 1995, o atual presidente do partido, José Genoino, chegou a apresentar um projeto de lei permitindo o aborto nos primeiros noventa dias de gestação. Agora mudou. Os petistas perderam o interesse pelo assunto, preferindo se concentrar em metas de superávit fiscal e expedientes para abafar denúncias de corrupção. O único parlamentar petista que se ocupa ativamente da questão é Durval Orlato, que tenta limitar ainda mais sua aplicação. Ele pleiteia que as vítimas de estupro sejam obrigadas a ver filmes sobre o desenvolvimento dos fetos caso decidam abortar. Além da tortura do estuprador, portanto, as mulheres deverão ser submetidas à tortura do Estado. Um fiel aliado do PT, Severino Cavalcanti, do PP, também se engajou na campanha. Ele planeja enfiar na cadeia todas as mulheres que praticarem abortos clandestinos.
Recentemente, membros do PT pensaram em adotar algumas medidas de controle demográfico, mas a ala mais carola do partido os impediu. A idéia era associar os benefícios do Bolsa-Família a formas de desincentivo à natalidade. Por mais paradoxal que possa parecer, o governo brasileiro, como o da Dinamarca, subsidia o aumento da natalidade. Quanto mais filhos tem uma mulher, mais esmolas governamentais ela recebe. Os fundamentalistas católicos do PT determinaram também a proibição de experimentos com células-tronco desenvolvidas a partir de embriões humanos. Curiosamente, o Brasil conseguiu avanços importantes nesse campo de pesquisa. Avanços que agora irão se perder. Se depender do PT, a maior contribuição científica brasileira continuará sendo o polvilho anti-séptico Granado, para as frieiras nos pés. Chega de reclamar de Bush. Lula é muito mais retrógrado do que ele.
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