O Estado de S. Paulo - 22/03/2012 |
Na hora da festa foi o governo federal, na figura do presidente Luiz Inácio da Silva, quem recebeu os cumprimentos por ter "conseguido" trazer para o Brasil a Copa do Mundo de 2014. Isso em outubro de 2007.
Agora, quatro anos, cinco meses e um acúmulo de dificuldades depois, o governo federal resolveu socializar o prejuízo transferindo aos estados a decisão sobre uma questão à qual não se deu a devida importância e acabou virando um enrosco para a aprovação da Lei Geral da Copa: a venda ou não de bebidas alcoólicas nos estádios.
Segundo a última versão do acordo para a votação no Congresso, a Fifa terá de negociar com os governadores (sete) uma forma de transpor o obstáculo contido no Estatuto do Torcedor e nas legislações estaduais àquele tipo de comercialização.
A União reservou para si o papel dúbio de defender a suspensão de um artigo do estatuto, mas sem explicitar de forma inequívoca a permissão para a venda nos termos em que havia sido acertado.
E isso porque o Planalto, embora favorável à manutenção dos termos do compromisso firmado anteriormente, preferiu não decidir. E por quê? Por receio de perder no voto mesmo controlando numericamente 80% do Congresso.
Parte de sua base de sustentação parlamentar é contra por convicção e parte condiciona a aprovação da Lei da Copa à votação do Código Florestal.
O que uma coisa tem a ver com a outra? No conteúdo nada, mas na forma prevalece o jogo da tensão em detrimento da negociação mediante o exame objetivo dos pontos em discussão e da tomada firme de uma posição.
Todos os partidos da coalizão governista, PT incluído, querem impor de alguma maneira e, cada qual por seus motivos, "mandar um recado" à presidente Dilma.
A eclosão mais recente dos conflitos não está superada. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, não traduz a realidade quando diz que está "tudo ótimo".
Se estivesse, a presidente não teria sido obrigada a jogar no colo dos governadores uma tarefa que não é deles.
E para o desempenho da qual não têm força política comparável ao peso da União. Na interlocução individual com a Fifa já entrarão em desvantagem. Terão de ceder e, assim, o resultado dificilmente deixará de ser o desejado pelo Planalto: a autorização para a venda de bebidas.
Só que para isso o governo federal escolhe dar a volta ao mundo para chegar ao mesmo lugar, em terreno acidentado que renderá atritos explícitos e implícitos com os governadores.
Ou seja, não enfrenta a questão que em tese poderia resolver se a maioria acachapante na prática não fosse um faz de conta, e alimenta o surgimento de novos focos de dificuldades. Dessa vez para além das fronteiras de Brasília.
Cenografia
Os empresários convidados para uma reunião hoje com a presidente Dilma Rousseff irão ao Palácio do Planalto de bom grado. Não obstante conscientes de que estão sendo chamados para compor uma cena. A de coadjuvantes da presidente no desempenho de seu papel preferido: a de cobradora de providências.
Ela reclamará do setor privado mais investimentos e o empresariado, ali representado por uma lista considerada algo "exótica" pela presença meramente simbólica de gente que não faz mais parte da operação efetiva dos respectivos negócios, sairá de lá como entrou. No aguardo de que o governo lhe forneça sinais concretos de segurança para investir.
Serventia da casa
O senador Ivo Cassol interrompeu votação na Comissão de Assuntos Econômicos da proposta de acabar com o pagamento dos 14.º e 15.º salários dos parlamentares, argumentando que político, no Brasil, "ganha muito mal".
Ao que cumpriria acrescentar que só é político quem quer. Se a carestia é tanta, basta não se candidatar e fica assim solucionado um problema que não cabe ao público (pagante) resolver.
|
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quinta-feira, março 22, 2012
Repartição de danos Dora Kramer
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
março
(162)
- Uma história de conflitos Merval Pereira, O Globo
- Artigos
- Millôr e Brizola Claudia Antunes
- ‘Não tem nada de mais’ - a série - CARLOS ALBERTO ...
- Desindustrialização - PAULO BROSSARD
- Liberdade e regulação Denis Lerrer Rosenfield
- La Argentina, enojada con el mundo Por Joaquín Mor...
- A visita de Zecamunista João Ubaldo Ribeiro
- As prefeituras e o atraso na educação - SUELY CALDAS
- Onde cresce o emprego - CELSO MING
- O planalto e a planície - GAUDÊNCIO TORQUATO
- Desafio americano - MIRIAM LEITÃO
- Jacaré e cobra d"água - DORA KRAMER
- Perigo anunciado - DANUZA LEÃO
- Da fala ao grunhido - FERREIRA GULLAR
- A banda desafinada do governo - VINICIUS TORRES FR...
- O pesadelo do mensalão Merval Pereira - Merval Per...
- Um par de chinelos Ruy Castro
- Jornada de vexames - Editorial Estadão
- A redução do desemprego - Luiz Carlos Mendonça de ...
- Limites na coalizão Merval Pereira
- Desordem e regresso Dora Kramer
- Conversa é pouco Celso Ming
- Sustentabilidade do setor elétrico ameaçada Nelson...
- Show de realidade Nelson Motta
- Dilma já está no outono João Mellão Neto
- As rachaduras nos Brics Brahma Chellaney
- 'Privatizações', ontem e hoje Josef Barat
- União impossível - MERVAL PEREIRA
- Os 'bandidos de toga' - EDITORIAL O ESTADÃO
- O risco de uma Comissão do Acerto de Contas - DENI...
- Repartição de danos Dora Kramer
- Aberração fiscal Celso Ming
- Pátria amada Carlos Alberto Sardenberg
- O direito à morte digna Flávia Piovesan e Roberto...
- Estados e municípios sob extorsão José Serra
- Como melhorar o trânsito a custo zero (ou quase) -...
- Lúcia Guimarães - Em busca da ética digital
- O tempo escoa para Dilma - EDITORIAL O ESTADÃO
- Doença brasileira - ROLF KUNTZ
- Economia - ANTONIO DELFIM NETTO
- Desonerar para quê? - CELSO MING
- Só as reformas salvam - CRISTIANO ROMERO
- China e a balança - REGINA ALVAREZ
- Alcançar o oásis - ROBERTO DaMATTA
- O incentivo da impunidade à corrupção - EDITORIAL ...
- O Brasil e a bacia do Atlântico - ROBERTO ABDENUR
- Amigos da onça - DORA KRAMER
- Esperando Lula - MERVAL PEREIRA
- Reajuste convém sair logo em ano eleitoral - ADRIA...
- Burrocracia - MARTHA MEDEIROS
- Os serial killers não param - GILLES LAPOUGE
- Momento tenso - MERVAL PEREIRA
- Águas de março e bolhas globais - VINICIUS TORRES ...
- Inesperado cenário para o governo Dilma - EDITORIA...
- A lei, ora, a lei - EDITORIAL O ESTADÃO
- Pecado original - Dora Kramer
- O câmbio, novo custo Celso Ming
- Agenda azul Xico Graziano
- A liberdade é temerária e perigosa Rodrigo Constan...
- CLAUDIO HUMBERTO
- PIB mostra que país caminha a passo de caranguejo ...
- Fazer a coisa certa - SUELY CALDAS
- De trava em trava - CELSO MING
- Argélia: sangue e liberdade - GILLES LAPOUGE
- O Brasil no início de 2012 - JOSÉ ROBERTO MENDONÇA...
- Descontinuidades - MERVAL PEREIRA
- O jumento vai à China - GAUDÊNCIO TORQUATO
- O fascínio dos designers - ETHEVALDO SIQUEIRA
- Não matarás - ROBERTO ROMANO
- Anti-Bauhaus - FERREIRA GULLAR
- Pré-diluviano - DORA KRAMER
- MARTHA MEDEIROS - Felizes por nada
- O mais importante - DANUZA LEÃO
- Tabelinha entre a glória e a corrupção - HANS ULRI...
- A guerra com que nos enrolam - João Ubaldo Ribeiro
- Bons ventos Merval Pereira
- Pedi, e não recebereis - CELSO MING
- Tempos apocalípticos Paulo Brossard
- Celso Ming É a indústria definhando
- Em busca do tempo perdido - PEDRO MALAN
- A experiência brasileira - MERVAL PEREIRA
- É a hora e a vez dos EUA - ALBERTO TAMER
- Vem aí o Estatuto da Palavra - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Os arrependimentos - DANUZA LEÃO
- Segurança jurídica - DORA KRAMER
- Razão, emoção e polarização - GAUDÊNCIO TORQUATO
- Desfazendo equívocos - FERREIRA GULLAR
- A missão do Banco Central - SUELY CALDAS
- Círculo militar Míriam Leitão
- Percalços da presidente - EDITORIAL ESTADÃO
- À espera de uma fagulha - GILLES LAPOUGE
- Guerra cambial e custo Brasil - MÁRCIO GARCIA
- Faltou explicação - CELSO MING
- Crescimento da economia em 2011 - LUIZ CARLOS MEND...
- Fim de farra - MERVAL PEREIRA
- Não levo meus netos para ver esse futebol - IGNÁCI...
- Nova lógica - MIRIAM LEITÃO
- Não é força, é jeito - DORA KRAMER
- A profecia: a nova bolha - VINICIUS TORRES FREIRE
-
▼
março
(162)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA