SÃO PAULO - O governo e a parcela não-demista da oposição não sabem como reagir ao enterro da CPMF. Uma pausa para reflexão após o trauma de quinta fará bem.
Preservou-se a DRU, que permite o mínimo de pilotagem do Orçamento. Virgílio, Agripino e seu colega de fúria do PSOL também queriam dar cabo do mecanismo que libera 20% das despesas carimbadas.
O tucano foi até fuçar no seu baú empoeirado do PCB para acusar o governo petista de, por meio da DRU, tirar verba dos pobres e transferi-la a banqueiros internacionais. Foi contestado por um sobrinho de Getúlio, o liberal Francisco Dornelles. O petista Sibá Machado falou algo sobre a Argentina que até agora não consegui assimilar.
Uma vez na vida, todo cidadão deveria ser obrigado a assistir a uma sessão completa no Senado, nem que fosse como pena alternativa.
Enquanto os senadores caprichavam no discurso para liquidar a CPMF, e as pombas amargosas se preparavam para devorar plantações de soja no norte do Paraná, uma mudança importante de perspectiva na economia tomava corpo. Os juros não vão mais cair tão cedo. O Banco Central fez o alerta, e a divulgação do PIB bem acelerado do terceiro trimestre e a do SOS banqueiro internacional no Primeiro Mundo completaram o quadro.
Vamos esquecer as picuinhas, diz e promete FHC. Pode ser. Os rumos da política nacional são aleatórios. Talvez tucanos e petistas mais lúcidos consigam ainda enxergar a encruzilhada em que está a economia. Essa bifurcação é mais difícil de ver porque não separa o desastre da mediocridade. Divide esta de um ciclo econômico virtuoso.
Sem desfazer o nó dos juros não haverá crescimento contínuo nem câmbio competitivo. A queda acentuada da Selic, a partir de agora, depende da ampliação da poupança fiscal e do abatimento acelerado da dívida pública. O que o oportunismo chama de dar dinheiro a banqueiros é o modo mais rápido de o Estado emancipar-se deles.
Entrevista:O Estado inteligente
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