BRASÍLIA - Pois bem, o dono da caneta presidencial, com todo seu poder para distribuir benesses, perdeu. Lula foi derrotado em sua principal batalha, a da CPMF.
Se ainda não sabe por que fracassou, o petista deveria refletir um pouquinho sobre o que veio logo em seguida. Ele próprio e sua equipe produziram um festival de trombadas e confusões.
Finda a votação, o governo divulgou que terá de aumentar impostos e fazer cortes no Orçamento, entre eles alguns visando o congelamento de reajustes prometidos ao funcionalismo público.
Veio o presidente Lula e defendeu o contrário: mais contratações de servidores, com melhorias salariais para a categoria.
Lula, do seu lado, disse a auxiliares que CPMF, nunca mais. Descobriu que o custo de sua aprovação equivale a duas vezes a sua arrecadação. Não vale o esforço.
O que fez Guido Mantega (Fazenda)? Deu entrevista pregando o oposto, a recriação de um imposto do cheque para financiar a saúde. Depois, foi obrigado a dizer que não havia dito aquilo. Aproveitou para deixar no ar a possibilidade de cortes no PAC e na área social.
Foi enquadrado pelo chefe. Lula cobrou que antes Mantega precisa convencê-lo da necessidade de se criar um novo imposto. Depois, fez pouco caso das ameaças de seu ministro: no PAC e nos programas sociais ninguém toca.
A confusão não ficou por aí. Mantega disse que, sem os R$ 40 bi da CPMF, adeus política industrial, nada de ficar cortando impostos para incentivar determinados setores da economia.
Foi desmentido pelo presidente Lula e pelo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento). Os dois prometeram a tal política industrial para janeiro de 2008.
Depois o governo fica buscando responsáveis pela derrota. Se não consegue se entender sobre coisas tão básicas, que dirá de uma negociação considerada tão vital. Tá faltando sintonia a essa turma.
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, dezembro 17, 2007
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