Entrevista:O Estado inteligente

domingo, dezembro 02, 2007

Merval Pereira Sinais positivos no Rio

A situação da economia do estado do Rio de Janeiro, de acordo com os novos dados nacionais do IBGE baseados em uma reformulação da metodologia de pesquisas, voltou a ser a mesma de 1995: continuamos a segunda maior economia do país, só superada pela de São Paulo, mas estamos estagnados com a participação de 11,5% no PIB nacional.
A recuperação que havia sido anunciada pela antiga metodologia, com um crescimento de cerca de 1% na renda nacional, não se confirmou nos dados de 2000 a 2005 revelados agora. Segundo o economista André Urani, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), é importante lembrar que esses novos dados vão até 2005. “Há uma quantidade considerável de evidências empíricas de que a situação no Rio de Janeiro, particularmente na região metropolitana, deu uma melhorada bastante importante a partir de 2005”, diz Urani.

Essa nova situação estaria visível de muitas maneiras, como na arrecadação do ICMS, que não depende do petróleo, mas, sobretudo, nos indicadores de mercado de trabalho. Houve,segundo os dados de André Urani, uma redução da informalidade, com aumento de emprego com carteira assinada e uma melhora, que Urani classifica de “fenomenal”, da renda domiciliar per capita da região metropolitana, revelada pela Pnad, a pesquisa nacional domiciliar do IBGE. De 2005 a 2006, a renda domiciliar per capita, que é a medida de poder de consumo do cidadão, aumentou na região metropolitana do Rio mais de 12%. No estado como um todo aumentou pouco menos que isso, o que indica que a região metropolitana melhorou mais que o interior, num sinal de reversão.

Para efeitos de comparação, na região metropolitana de São Paulo, esse aumento foi pouco mais que 4%, e no Brasil como todo aumentou pouco mais de 9%.

No entanto, o economista Mauro Osório, especialista da UFRJ em Planejamento Urbano, lembra que o Rio de Janeiro, na metodologia antiga, havia ultrapassado o estado de São Paulo no ano de 2002, passando a ser o 2º PIB per capita do país, apenas atrás do Distrito Federal, e volta agora, pela nova metodologia, a ficar na 3aposição.

Em 2004, na nova metodologia, o PIB per capita fluminense é de R$ 14.664, contra um PIB per capita em SP de R$ 16.158 e um PIB per capita no DF de R$ 30.991.

Segundo Mauro Osório, no que se refere ao emprego formal, o estado do Rio, entre 1995 e 2006, apresenta o menor crescimento entre as 27 unidades federativas, de 25,5%, contra um crescimento para o total do país de 48%. Já em relação a emprego formal e informal na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, medido pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, por um lado apresentamos taxa de desemprego em outubro de 2007 de 6,5%, historicamente baixa, tendo em vista a informalidade existente na Região Metropolitana carioca — contra taxas nas Regiões Metropolitanas de São Paulo de 9,5%, de Belo Horizonte de 6,9%, de Salvador de 13,0%, de Recife de 12,2%, de Porto Alegre de 6,3% e no total das regiões metropolitanas pesquisadas de 8,7%.

Constata-se, por outro lado, que no período entre março de 2002 e outubro de 2007 a Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro apresenta um crescimento do número de pessoas ocupadas abaixo da média das regiões metropolitanas pesquisadas.

Entre março de 2002 e outubro de 2007, nossa região metropolitana apresenta um crescimento do número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho formal e informal de 16,2%, contra um crescimento nas Regiões Metropolitanas de São Paulo de 25,3%, de Belo Horizonte de 34,3%, de Salvador de 26,1%, de Recife de 10,9%, de Porto Alegre de 22,8%, e na média das RMs de 22,7%.

No que se refere à situação do emprego formal e informal para a população jovem entre 18 e 24 anos, verifica-se que a região metropolitana do Rio apresenta, em outubro de 2007, taxa de desemprego de 16,3%. Apesar de essa taxa não ser, na média, maior do que as existentes para as Regiões Metropolitanas de São Paulo, de 19,6%; Belo Horizonte, de 12,9%; Porto Alegre, de 12,8%; Salvador, de 26,1%; e Recife, de 27,2%, ela é extremamente elevada, ressalta Osório.

Simbólico da corrosão administrativa do estado, comenta Mauro Osório, é o recente desbaratamento de uma nova quadrilha na Secretaria de Fazenda do Estado, comandada por “Chico Olho de Boi”, e a receita de ICMS no estado do Rio de Janeiro ter, entre 1999 e 2006, apresentado o pior crescimento percentual entre as unidades federativas do país, de 16,3%, 2,7 vezes menor do que a evolução ocorrida na média brasileira, de 43,7%.

“Isto apesar das elevadas alíquotas existentes em setores como o de telecomunicações e elétrico”.

Mas Mauro Osório vê também sinais de avanços na economia: “Em período recente, alguns indicadores começam a apontar a possibilidade de reversão dessa longa trajetória de crise”. Ele cita a construção civil que, de 2005 para 2006, apresenta um crescimento do emprego em torno de 27,1%, contra um crescimento no Brasil próximo de 11,9%, em decorrência do crescimento dos investimentos imobiliários na cidade do Rio de Janeiro e dos gastos realizados para a realização do Pan-americano em 2007.

Além disso, lembra Mauro Osório, aponta-se para o futuro próximo uma série de investimentos sociais em comunidades carentes, na cidade do Rio de Janeiro e na sua periferia, e a realização de uma série de macroprojetos como os do pólo petroquímico em Itaboraí/ São Gonçalo, o do ArcoRodoviário no Porto de Sepetiba, e o da empresa MMX de um complexo logístico e industrial na região de São João da Barra. São boas notícias que podem confirmar as evidências de que fala André Urani, do Iets, de um forte crescimento do estado a partir de 2005.

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