Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 01, 2007

Lula 3 e amendoins

MELCHIADES FILHO

BRASÍLIA - Muitos se assustam com a temperatura e a duração do debate. Estivesse nossa democracia madura, dizem, o país já teria virado a página da re-reeleição. No entanto é bastante compreensível que não se fale de outra coisa.
O governo é percebido como bom. Os botecos da política precisavam de amendoim novo depois de terem dissecado a vida e as obras de Renan. (Queriam o quê? Discussões apaixonadas sobre a CPMF?) E, finalmente, o assunto serve a vários interesses circunstanciais.
Para Lula, é conveniente que a agenda se dobre a algo que esfrie e esquente conforme suas declarações. Do contrário, teria ele mesmo desautorizado os assanhados -ao menos os do PT (Devanir Ribeiro é amigão do tempo de sindicato).
Petistas decadentes ou com cargos na máquina pegam a onda não só porque desejam um tico de protagonismo midiático ou conservar a boquinha, mas também porque, ao tensionar o ambiente, induzem o Planalto a manter as alianças pulverizadas e a ratificar os acordos "à mensalão" do primeiro mandato.
Para a oposição em campanha contra a CPMF, trata-se de uma muleta. Além de desonerar a economia (e contentar grandes doadores eleitorais), ela agora tenta impedir que Lula tenha (mais) dinheiro para fazer uma administração (mais) vistosa e, com isso, torne (mais) atraente o projeto continuísta.
A todo tucano que não governe São Paulo ou Minas -estes estão obcecados com a possibilidade de seu primeiro mandato, e não com a ameaça do terceiro de Lula-, o tema ajuda a preencher o palanque.
O que intriga é a atuação engajada de estranhos ao lulismo. Por que na vanguarda do debate está Carlos Willian, deputado do PTC? Por que coube a Eduardo Cunha, do PMDB de Garotinho, a manobra mais incisiva na Câmara? Por que o PR não se juntou à defesa das atuais regras eleitorais para 2010, ato que reuniu dez partidos, inclusive o PT? Vai saber. Mas dá para imaginar.

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