JORNAL DO BRASIL
O presidente Lula, inventor e dono da candidatura da ministra Dilma Rousseff, atravessa uma fase de agitação que se explica pela sua estafa, mas não se confirma nas oscilações do seu temperamento e nas contradições de quem não diz coisa não coisa.
Por mais que se queira traçar uma linha de coerência, a cada semana, a cada dia, o presidente tem os seus estouvados improvisos, que saltam dos trilhos da coerência.
E esta semana, se não bateu o seu recorde, disparou na pista das ambiguidades. O líder da campanha parecia mais preocupado com o seu futuro político do que com o morno clima da agenda da sua candidata. Aperreado com as críticas da imprensa – sua obsessiva vítima das mais absurdas cobranças – Lula resgatou o seu discurso de campanha na eleição e na reeleição, para criticar o miserável piso salarial dos professores.
E como no monólogo diante do espelho, denuncia o sucateamento do salário dos professores nos últimos 30 anos. Por um mínimo de respeito ao distinto público não excluiu dos 30 anos os oito anos do seus dois mandatos. Critica-se sem pena da própria pele: "Não é possível a gente – a gente, quem? – depositar a confiança em um professor ou uma professora para tomar conta dos nossos filhos, sabendo que, no fim do mês, não vai levar para casa sequer o suficiente para cuidar da sua própria família. Deve doer na alma esta confissão de um dos fracassos dos seus dois mandatos.
As pesquisas derrubam as desculpas e as potocas presidenciais. Nos últimos meses do segundo mandato, o presidente Lula nem erradicou o analfabetismo de jovens e adultos, na meta enganosa de 2003. O piso salarial do magistério é uma reivindicação veterana do movimento sindical dos professores. O ex-ministro da Educação, senador Cristovam Buarque (PDT-DF) vai direto ao desmentido: "Creio que ninguém vê esta revolução que o presidente alega ter feito. Não houve nenhuma evolução nas universidades do ponto de vista do número de alunos e professores". É portanto, uma área intocada para o seu sucessor ou a sucessora da sua obsessão.
O presidente se autoproclama um trabalhador que não conhece descanso, acorda de madrugada "para ler todos os jornais", mesmo suportando a azia com a dança das letras e a dor de cabeça do esforço para entender o tipo miúdo dos jornais, revistas e da papelada burocrática. Ora, se as contas não mentem, Lula deve bater todos os recordes do presidente que menos tempo passou no Brasil, o que menos noites dormiu no palácio e despachou a papelada burocrática.
Às contas. As viagens presidenciais no AeroLula para os compromissos do candidato a líder mais popular do mundo, impuseram o sacrifício prazeroso de mais de 100 dias no exterior.
Dos 265 restantes, descontados os domingos e feriados, as viagens a pretexto de fiscalizar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida que vai resolver o problema da moradia dos pobres e remediados com um milhão de residências.
E o PAC 2 promete duplicar as obras para a construção em menos de um ano de outro país.
Não me proponho a conferir estatísticas de como o presidente se sacrifica para fundar o país que desperdiçou milênios na incompetência de imperadores e presidentes. Mas, as últimas declarações de Lula sobre os seus planos como ex-presidente são instigantes. Informa aos seus milhões de eleitores que não ficará na confortável casa em São Bernardo do Campo.
Avisa que continuará percorrendo o país, atendendo a todos os convites para voltar aos estados e municípios que solicitem a sua presença. Ora, isto é programa de candidato, que está de olho comprido em 2014. Uma reeleição estraga o esquema. Com mais oito anos, Lula deverá preferir o pijama e chinelo para os cavacos com os amigos de São Bernardo do Campo.
O presidente não é um perdulário. E realmente não precisa dissipar o que ganha e que é muito pouco. Não parece razoável que tenha acertado com a candidata Dilma não disputar a reeleição, se o seu favoritismo for confirmado nas urnas.
Para não pagar os R$ 15 mil da multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral lugar tem apelado para todos os recursos.
A especulação política é um dos desafios do repórter. Desde que não seja parcial ou uma especulação leviana. Do que a consciência não me acusa.
Entrevista:O Estado inteligente
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