FOLHA DE SP - 31/03
O desfecho de mais uma crise bancária, desta vez em Chipre, provocou novamente acalorada discussão sobre causas e consequências da grande crise detonada em 2008 pelos chamados títulos "subprime" nos EUA.
A conclusão mais popular sobre as razões da crise é a de que os governos deixaram o mercado financeiro funcionar de forma muito liberal, e os bancos exageraram. Portanto, a solução estaria na intervenção governamental nos mercados.
A análise histórica leva a outra conclusão. Primeiro, é necessário enfatizar que o que foi feito do ponto de vista de regulamentação bancaria pós-crise não foi intervir nos mercados nem direcionar empréstimos dos bancos. Muito pelo contrário. Simplesmente foram estabelecidas diversas medidas visando elevar a segurança do sistema financeiro, que é o papel adequado para o regulador.
Segundo, a história mostra outra vertente da origem da crise, que foi o papel do governo americano na sua geração. Essa história começa no final dos anos 1990, quando o governo dos EUA estabeleceu programas de incentivo a empréstimos subsidiados para pessoas de baixa renda morarem nos centros das cidades e forçou os bancos a participar.
Posteriormente, duas agências semigovernamentais, Fannie Mae e Freddie Mac, começaram, em escala crescente, a garantir títulos de crédito imobiliário visando expandir esses programas a outras regiões e classes sociais dentro de uma linha de estímulo à casa própria.
Essas instituições eram semigovernamentais no sentido de que sua ação era direcionada pelo governo, mas formalmente não eram do governo, e assim seu passivo não estava no Orçamento. Quando quebraram, o governo teve de pagar o custo, e o prejuízo foi enorme.
Paralelamente, o Fed (BC dos EUA) produziu política de longo prazo de juros muito baixos, ajudada pela deflação importada da China por meio de mercadorias manufaturadas cada vez mais baratas e outros fatores, a chamada "grande moderação".
Isso tudo levou a uma expansão desregulada de crédito e uma assunção de riscos cada vez maiores por parte das instituições financeiras. Quando a dívida das famílias tornou-se excessiva, a inadimplência aumentou, os bancos começaram a cortar crédito e tiveram prejuízos, o consumo caiu, as empresas se deterioraram, o emprego desabou, e o resto é história.
A solução do problema custou centenas de bilhões de dólares ao contribuinte americano.
A conclusão é que mais danoso que um mercado completamente sem regulação é a intervenção governamental visando direcionar políticas de crédito a setores que ofereçam apelo político.
O desfecho de mais uma crise bancária, desta vez em Chipre, provocou novamente acalorada discussão sobre causas e consequências da grande crise detonada em 2008 pelos chamados títulos "subprime" nos EUA.
A conclusão mais popular sobre as razões da crise é a de que os governos deixaram o mercado financeiro funcionar de forma muito liberal, e os bancos exageraram. Portanto, a solução estaria na intervenção governamental nos mercados.
A análise histórica leva a outra conclusão. Primeiro, é necessário enfatizar que o que foi feito do ponto de vista de regulamentação bancaria pós-crise não foi intervir nos mercados nem direcionar empréstimos dos bancos. Muito pelo contrário. Simplesmente foram estabelecidas diversas medidas visando elevar a segurança do sistema financeiro, que é o papel adequado para o regulador.
Segundo, a história mostra outra vertente da origem da crise, que foi o papel do governo americano na sua geração. Essa história começa no final dos anos 1990, quando o governo dos EUA estabeleceu programas de incentivo a empréstimos subsidiados para pessoas de baixa renda morarem nos centros das cidades e forçou os bancos a participar.
Posteriormente, duas agências semigovernamentais, Fannie Mae e Freddie Mac, começaram, em escala crescente, a garantir títulos de crédito imobiliário visando expandir esses programas a outras regiões e classes sociais dentro de uma linha de estímulo à casa própria.
Essas instituições eram semigovernamentais no sentido de que sua ação era direcionada pelo governo, mas formalmente não eram do governo, e assim seu passivo não estava no Orçamento. Quando quebraram, o governo teve de pagar o custo, e o prejuízo foi enorme.
Paralelamente, o Fed (BC dos EUA) produziu política de longo prazo de juros muito baixos, ajudada pela deflação importada da China por meio de mercadorias manufaturadas cada vez mais baratas e outros fatores, a chamada "grande moderação".
Isso tudo levou a uma expansão desregulada de crédito e uma assunção de riscos cada vez maiores por parte das instituições financeiras. Quando a dívida das famílias tornou-se excessiva, a inadimplência aumentou, os bancos começaram a cortar crédito e tiveram prejuízos, o consumo caiu, as empresas se deterioraram, o emprego desabou, e o resto é história.
A solução do problema custou centenas de bilhões de dólares ao contribuinte americano.
A conclusão é que mais danoso que um mercado completamente sem regulação é a intervenção governamental visando direcionar políticas de crédito a setores que ofereçam apelo político.