Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Lula e a defesa politicamente delinqüente de Evo e Chávez

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Leiam o que Gabriela Guerreiro, da Folha Online, conseguiu anotar “de cabeça” da fala de Lolovsky Apedeutakoba. Ela deve ter melhorado um pouco o original, já que Franklinstein proibia anotações (ver abaixo). Vamos lá. Volto em seguida:

Após o acordo com a Bolívia para o retorno dos investimentos da Petrobras no país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu nesta quinta-feira em defesa do colega Evo Morales. Lula disse que o presidente boliviano é "vítima de muito preconceito", mas será reconhecido se implementar políticas que favoreçam a população do país vizinho.

"Quando o Evo era deputado, não podia andar na rua porque era cuspido pelos brancos. Um país onde 90% [da população] é índio, não pode ter um governante de olho verde que fala inglês", disse Lula. Segundo o presidente, se as políticas sociais de Morales derem certo "até alguns de classe média vão aderir ao governo".

Lula admitiu que o acordo com Morales para a retomada de investimentos no país não foi fácil. "Eu disse para o Evo que ia ser muito ruim para as relações Bolívia e Brasil, para mim e para você, não ter acordo", afirmou.

A reaproximação entre a Petrobras e a Bolívia ocorreu um ano e sete meses após desacertos que começaram com o anúncio da nacionalização das reservas de gás no país vizinho, em maio de 2006. No auge da crise, instalações da Petrobras foram ocupadas por tropas do Exército boliviano. A estatal ameaçou não investir mais no país.

Chávez
Além dos elogios a Morales, Lula também saiu em defesa do presidente Hugo Chávez (Venezuela). Segundo o presidente brasileiro, "é muito fácil" negociar com Chávez porque o venezuelano tem "vontade política" muito grande em relação à América do Sul. "O problema é que muitas vezes [a Venezuela] vai na plutocracia [sistema político em que o poder é exercido pelos mais ricos] dos poderes", afirmou.

O presidente disse estar otimista com o crescimento do Mercosul ao afirmar que o último encontro dos presidentes do bloco --ocorrido no início desta semana-- foi a "melhor dos últimos tempos". "A gente não vai deixar os outros colocarem defeito nos nossos filhos. Pode [o Mercosul] não ser a criança mais bonita, mas é nossa", defendeu.

Imprevisto
Lula admitiu que ficou "com muito medo" quando o ministro Tarso Genro (Justiça) teve um mal-estar na Bolívia, durante cerimônia com a presença de Morales.

O presidente disse que, no momento em que Tarso desmaiou, pensou que o ministro tivesse morrido. Por isso, confessou que dormiu com a porta do quarto aberta e as luzes acesas no hotel em que estava hospedado --uma vez que é comum estrangeiros sentirem mal-estar provocado pela altitude boliviana.

Tarso desmaiou no ato de relançamento de um corredor interoceânico comandado por Lula e Morales. Ao retornar ao Brasil, Tarso fez exames cardiológicos e de rotina para checar sua saúde.

Voltei
Afirmar que alguém de olho verde e que fale inglês não pode ser presidente da Bolívia ou de que qualquer país da América Latina é, nesta ordem, estupidez, preconceito (de origem racial) e apologia da ignorância. De fato, se Lula dominasse a língua inglesa, isso não significa que não pudesse falar bobagem em ao menos dois idiomas. Comecemos do princípio: o libertador Simon Bolívar era um branco aristocrata, de origem européia — basca, para ser mais preciso. Nem a iconografia laudatória e de “resistência” lhe nega tais características.

Evo enfrenta dificuldades na Bolívia porque é candidato a ditador, não porque tem origem indígena. Só origem. Vive como qualquer nababo ocidental. A exemplo de Lula. Evo é tão “índio” quanto Lula é “metalúrgico”. Trata-se apenas de uma forma de identificação política que pretende ser usada para silenciar o debate. Um teria a legitimidade garantida pela maioria racial; o outro, pela maioria de classe. Ambos gostariam, por isso, de ter licenças especiais para fazer suas próprias leis. Evo avança na desordem institucional porque pode; Lula só não avança porque não pode.

A defesa que Lula faz de Chávez é pura delinqüência política. Para quem não entendeu o que ele disse ao afirmar que Chávez, “às vezes, vai na plutocracia”, eu explico: quis dizer que os problemas enfrentados pelo ditador venezuelano decorrem de uma virtude: o enfrentamento dos interesses estabelecidos. MENTIRA! As dificuldades do bufão decorrem do fato de ele solapar a democracia e as instituições. Depois de ter arrancado de uma Assembléia servil a tal “Lei Habilitante”, que lhe permite governar como ditador, tentou a reeleição sem limites. Dispenso-me aqui de caracterizar a marcha batida da Venezuela rumo ao caos. Vocês encontram as devidas informações em qualquer site decente.

Não obstante, eis Lula, o fiador de ditaduras e de crises, de Evo e de Chávez. O grande erro, reitero, que cometem mesmo alguns analistas sérios, com o endosso do Departamento de Estado, dos EUA, está em ver contradições na trinca Lula-Chávez-Evo. Não há. Existem apenas diferenças. Cada um deles está sempre testando e ultrapassando o limite do que permitem as instituições. A nossa sorte é que, para desgosto de Lula, ele herdou um país organizado. Os outros dois, como candidatos a ditadores, foram mais afortunados do que Apedeutakoba: cada um deles pegou o seu respectivo em frangalhos.

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