Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 22, 2004

Diogo Mainardi Minha entrevista com Lula

"Quando um candidato não comparece a
um debate, é comum substituí-lo por uma
cadeira vazia. Entrevistei uma
cadeira vazia"

Pedi uma entrevista a Lula. Ele não deu. E acrescentou: "Esse tal de Mainardi, nem sei aonde fica". Decidi então entrevistar seu mais célebre imitador, o Bussunda, do Casseta & Planeta. Ele responderia em nome do presidente, no falso gabinete do falso Palácio do Planalto. Bussunda não concordou. Achou melhor não se associar a mim. Pensei em entrevistar outro imitador. Há muitos por aí. Fernando Henrique Cardoso imita Lula. Lulu Santos imita Lula. Até num torneio de dominó em Joinville apareceu um imitador de Lula. Chama-se Romualdo Caldeira de Andrada. Acabei desistindo da idéia. Quando um candidato não comparece a um debate na televisão, é comum substituí-lo por uma cadeira vazia. Entrevistei uma cadeira vazia:

O irmão de Celso Daniel declarou à Justiça que o dinheiro das propinas de Santo André era entregue diretamente a José Dirceu. Por que ele mentiria?

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O senhor se cercou de assessores provenientes da prefeitura de Santo André, como Gilberto Carvalho e Miriam Belchior. O senhor não acharia conveniente suspender esses funcionários até o assassinato de Celso Daniel ser definitivamente esclarecido?

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Quando o senhor anunciou que dobraria o valor do salário mínimo e criaria dez milhões de empregos, sabia que seria impossível cumprir essas metas ou acreditava em suas promessas? A hipótese mais benévola é a de que o senhor mentiu despudoradamente na campanha eleitoral, disparando um monte de asneiras em busca de votos. A hipótese menos benévola é a de que o senhor nunca parou para pensar o que de fato faria se ganhasse as eleições. Qual a hipótese correta?

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O senhor costuma ser comparado a Fernando Henrique Cardoso na gestão da economia, mas é uma injustiça, porque seu governo interrompeu as privatizações, contratou 50 000 novos funcionários públicos e inflou a folha de pagamento do Estado. O resultado foi o aumento de impostos, o aumento do desemprego e a menor taxa de crescimento da história do Brasil, num primeiro ano de mandato. Como o senhor se sente quando o comparam a seu predecessor?

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O senhor alardeia a reforma previdenciária como uma de suas maiores conquistas, mas ela nem terminou de ser votada pelos parlamentares. Se a proposta original já era insuficiente, o que pensar depois da PEC paralela? Daqui a quanto tempo ela precisará ser modificada?

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O senhor cancelou a licitação de duas plataformas da Petrobras, com o argumento de que deveriam ser construídas no Brasil. Esse seu populismo nacionalista custará uns 5 bilhões de dólares aos contribuintes. Por que o senhor não vende a Petrobras?

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O senhor acredita que a reportagem do New York Times sobre seu hábito de beber faça parte de uma trama internacional? Quem teria tramado e qual o motivo da trama?

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O senhor pretende nos agraciar com um segundo mandato?

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