Entrevista:O Estado inteligente

domingo, outubro 09, 2016

Alívio e incerteza - Míriam Leitão

Democracia Política e novo Reformismo: Alívio e incerteza - Míriam Leitão

Alívio e incerteza - Míriam Leitão

- O Globo

Inflação em 12 meses vai continuar caindo. A semana terminou com uma notícia boa na economia, a inflação em 0,08% em setembro, abaixo do que estava previsto, e isso aliviou o peso da péssima notícia da queda da produção industrial de agosto. As duas, cada uma a sua maneira, levam ao mesmo resultado de reforçar a tendência de queda das taxas de juros. Em outra área, os governadores querem ser incluídos na reforma da Previdência.

O esforço para estabilizar a economia passa por reduzir a inflação, retomar o crescimento e fazer as reformas. A queda da produção industrial de agosto em 3,8%, divulgada na terça-feira, foi o banho de água fria, a queda da inflação animou a sexta. A esperança do governo é que o tombo da indústria seja um ponto fora da curva, mas a desinflação continuará acontecendo.


A inflação perto de zero em setembro tem explicações específicas. Houve deflação de alimentos. No Rio, houve queda dos preços da alimentação fora de casa, pelo efeito reverso do que houve nas Olimpíadas. O indicador de serviços está reduzindo no acumulado de 12 meses, em grande parte como efeito do desemprego.

No último trimestre do ano, segundo Luiz Roberto Cunha, da PUC do Rio, a inflação vai subir no indicador mensal. Ele espera 0,30%, 0,45% e 0,65%, entre outubro e dezembro, respectivamente. Porém, no ano passado, as taxas foram 0,83%, 1,01% e 0,96%. Com isso, haverá queda no acumulado de 12 meses, e ontem já se falava no mercado — Cunha também acha isso — que este ano termina abaixo de 7,2%. Mais do que isso: em janeiro e fevereiro do ano que vem, a tendência também será de redução do índice de 12 meses, porque este ano os números foram bem altos: 1,27%, em janeiro, e 0,90%, em fevereiro. Essa queda reduz o peso da indexação nas tarifas públicas. Em resumo, nos próximos cinco meses a inflação de 12 meses deve continuar em queda, aliviando os bolsos.

Na frente das reformas, o que aconteceu nas últimas horas foi a entrada dos governadores na conversa, pedindo que as mudanças da Previdência atingissem também os regimes de aposentadorias dos estados.

O governador licenciado do Rio, Luiz Fernando Pezão, foi a Brasília, manteve uma reunião com o presidente Michel Temer, o economista Raul Velloso, e o secretário de Previdência, Marcelo Caetano. Eles se debruçaram sobre os números e projeções da Previdência de estados e municípios. Depois disso, Temer se reuniu com outros sete governadores, além de Pezão, entre eles o de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o de Minas, Fernando Pimentel, para discutir o mesmo assunto.

— A situação é muito grave. No Rio, o déficit da Previdência vai chegar a R$ 13 bilhões, em Minas, a R$ 12 bilhões, São Paulo, R$ 18 bilhões. Até o Espírito Santo, que é um estado ajustado, terá um déficit de R$ 1,7 bilhão. Será inevitável reformar a Previdência dos estados também — diz Pezão, que, a propósito, apesar de estar se recuperando do tratamento de câncer, contou que continua em atividade pelo telefone. Neste caso, ele foi pessoalmente a Brasília. Pezão tem esperança de poder voltar a assumir o governo em novembro.

Os governadores irão a Brasília na semana que vem, todos eles, para uma reunião em que discutirão esse problema e tentarão elaborar uma proposta conjunta para o governo. No dia 20, devem fazer uma reunião com o presidente Temer sobre o assunto, já com uma proposta fechada.

No ritmo de atividade econômica, não há ainda a garantia de que a queda da produção industrial foi um ponto fora da curva. A indústria automobilística, que derrubou o número de agosto, divulgou uma nova queda em setembro. O desemprego deve continuar alto. Mas a queda da taxa de juros que pode acontecer na reunião do dia 19 de outubro ajudará a melhorar o clima no país. Muitos economistas estão prevendo redução dos juros, de 0,25% ou 0,5%.

— Será um alívio fiscal, será um pequeno ânimo para as empresas — diz Luiz Roberto Cunha.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles disse que a inflação "volta à normalidade". Ainda não, porque afinal a taxa está acima do teto da meta. E a economia como um todo está longe da normalidade. Foi muito dura a queda. Por isso, quando vem uma notícia boa, como a inflação divulgada ontem, é hora de comemorar.



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