Diogo Mainardi
"Para atrair os eleitores ricos, a principal
promessa dos candidatos petistas é que
seus programas assistenciais vão diminuir
a criminalidade. Ou seja, os pobres, para os
petistas, estão sempre caindo na bandidagem"
Rico não sabe votar. É o que dizem os petistas. José Genoíno: "Temos que mostrar aos eleitores mais ricos que eles estão enganados". Eduardo Suplicy: "Os eleitores mais ricos precisam saber dos benefícios que foram feitos para a população carente. Só assim nossa comunidade vai ser melhor". Marta Suplicy: "Se uma pessoa não usa o Bilhete Único, não vai ao CEU e seu filho não ganhou uniforme escolar, eu digo que essa pessoa precisa ser mais generosa. Este é o caminho para termos mais harmonia na cidade". Os partidários de Marta Suplicy comemoraram porque, no primeiro turno, ela ganhou de José Serra no Capão Redondo, um dos bairros mais pobres de São Paulo, mas perdeu no Jardim Paulista, um dos mais ricos. A mensagem é: os eleitores pobres e com baixa escolaridade sabem o que é bom para a cidade. Os ricos e com alta escolaridade, por outro lado, são tão tapados e egoístas que acabam votando contra seus próprios interesses.
Para tentar atrair o eleitorado mais rico no segundo turno, a principal promessa dos candidatos petistas é que seus programas assistenciais vão diminuir a criminalidade. Aloízio Mercadante teoriza que é preciso dialogar com os mais ricos, mostrando a eles que "a solidariedade social é fundamental para superar a insegurança". Ou seja: se os ricos querem que os pobres roubem um pouquinho menos, devem entender que é necessário pagar-lhes a condução até o serviço. No ano passado, os petistas censuraram o companheiro José Graziano, que associou a migração nordestina à criminalidade, mas todos eles pensam da mesma maneira. Os pobres, para os petistas, estão sempre caindo na bandidagem. E os ricos só aceitam distribuir a renda na marra, com uma arma apontada para a cabeça.
Se a população com alta escolaridade é mais tapada e egoísta que a com baixa escolaridade, por que os petistas não param com essa bobagem de construir escolas? Chega de escolas. O Brasil já tem escolas demais. O problema do país não é a falta de escolas, mas o que se ensina dentro delas. A qualidade do ensino público é tão ruim que não compensa o investimento. O ensino obrigatório é um embuste como o Bolsa-Família. Só serve para tapear o eleitorado. Os pobres são iludidos pela idéia de que a escola garantirá a seus filhos um futuro menos indigente, o que é uma burla. E os ricos são iludidos pela idéia de que os pobres sairão da escola mais capacitados para o mercado de trabalho, o que é outra burla. Nos programas dos educadores petistas, a escola é apontada como a solução para tudo. Atribuem-lhe as seguintes funções: romper a exclusão social, aumentar a oferta de emprego, combater a discriminação racial, reabilitar menores infratores, promover a reciclagem de lixo, melhorar a saúde bucal, resgatar a bacia leiteira do agreste pernambucano e incrementar o padrão de vida nas comunidades quilombolas. Só não se fala em ensinar tabuada e colocação pronominal.
Rico não sabe votar. O único rico que sabe votar é Paulo Maluf. Ele vota em petista. Deve estar com uma arma apontada para a cabeça.
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, outubro 25, 2004
Diogo Mainardi Sem medo de meter medo
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