Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 28, 2004

Diogo Mainardi Pelo impeachment de Lula


"Um dos mitos que os petistas tentam difundir é o de que lhes falta astúcia política para contornar
a crise. Mentira. Eles já demonstraram no passado
que sabem
perfeitamente abafar as piores denúncias"

A campanha pelo impeachment de Lula foi lançada no Rio Grande do Sul, pelo escritor Juremir Machado da Silva. Eu aderi alegremente. O decreto presidencial determinando o fechamento dos bingos só reforçou minha fúria persecutória. Com a medida, Lula puniu os achacados e inocentou os achacadores que extorquiam em nome de seu partido.

Nada mais natural que a campanha pelo impeachment de Lula tenha partido do Rio Grande do Sul. Os gaúchos conhecem muito bem os métodos e as estratégias do PT. Em 2001, a Assembléia Legislativa do Estado montou uma CPI para investigar o suposto financiamento ilegal da campanha de Olívio Dutra por parte de bicheiros e proprietários de bingos. O ex-tesoureiro do partido admitia, numa fita, ter achacado os bicheiros em 600.000 reais, e um aliado do governador intimou o chefe da Polícia Civil a parar de importunar os donos da jogatina. Durante os interrogatórios, os dois indiciados assumiram o papel de bodes expiatórios, negando qualquer envolvimento da cúpula do partido no episódio. Mesmo assim, a CPI foi adiante, até o começo do governo Lula, quando o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, apelidado pelo próprio PT de engavetador-geral da República, engavetou o processo. Um dos mitos que os petistas tentam difundir neste momento é o de que lhes falta astúcia política para contornar a crise. Mentira. Eles já demonstraram no passado que sabem perfeitamente abafar as piores denúncias. A maior tolice é supor que os petistas sejam ingênuos e que agora estejam sob o controle de José Sarney: é José Sarney quem está sob o controle deles.

Outro mito difundido pelos petistas é que uma devassa nas contas do PT pode parar o Brasil. Mais uma mentira. O Brasil funciona independentemente do governo. O que de fato pode parar, no caso de uma crise política, é a máquina estatal. E isso seria bom para todos nós. Um governo enfraquecido e sob suspeita pode parar de contratar parentes e amigos, por exemplo. Pode parar de comprar jatos presidenciais. Pode parar de gastar em propaganda. Pode parar de aumentar os impostos. Quanto mais parado ficar o governo, melhor.

O terceiro mito é o de que só o financiamento público aos partidos pode diminuir a roubalheira federal. O que os políticos querem dizer com isso é que só aceitam parar de roubar se lhes dermos mais dinheiro. Como os meninos de rua que, nos semáforos, perguntam retoricamente se é melhor pedir esmolas ou roubar. Trata-se de um achaque igual ao de Waldomiro Diniz. Na verdade, já financiamos as campanhas eleitorais, pagando aos políticos, entre outras coisas, escritórios, assessores, viagens, agências de notícias, redes de TV para cada ramo do Poder Legislativo e amplo espaço na TV comercial para a propaganda partidária. A culpa pela ladroagem dos políticos está sendo atribuída a nós, como se eles só roubassem porque somos pouco generosos.

Eu sou pelo impeachment. Como o PT de antigamente, meu negócio é atrapalhar.

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