Superou todas as expectativas: cerca de dois milhões de brasileiros foram às ruas em várias cidades do país para protestar contra o governo Dilma e o PT. São Paulo liderou, com metade deste montante. Em todo lugar, foi um ambiente de muita revolta e indignação, mas pacífico e familiar. Em Copacabana, levei minha filha e vi várias crianças e adolescentes. Os mascarados infiltrados não tiveram vez.
O contraste fica evidente: na sexta-feira 13, pelegos da CUT e "soldados" do "exército de Stédile" colocaram alguns gatos pingados nas ruas, a maioria em troca de mortadela e R$ 35. Havia ali até imigrantes que nem falam português. Foram apenas pelo dinheiro. Um "protesto" chapa-branca esquizofrênico, contra o governo, mas a favor de Dilma.
O PT perdeu o controle das ruas, não tem mais o monopólio da mobilização das massas. Fala em nome dos trabalhadores, mas os esfola com a inflação elevada e os impostos crescentes. Precisa pagar para reunir algumas pessoas em defesa da presidente, e faz isso em dia de semana, pois os "trabalhadores" ali presentes não trabalham: querem somente esmolas estatais.
Já no domingo os verdadeiros trabalhadores trocaram o dia de descanso pelo dever cívico de se manifestar contra um governo mentiroso, incompetente e corrupto. Sem organização partidária, foi um protesto totalmente espontâneo da parcela da população que não aguenta mais tanta roubalheira e cinismo. Essas pessoas querem um país melhor, desejam resgatar o direito de sonhar com o futuro, manter a esperança usurpada pelo governo.
A reação do PT e de seus militantes virtuais foi a pior possível, o que só joga mais lenha na fogueira. Primeiro, acusaram os manifestantes de "golpistas da elite", como se fosse algum golpe gritar "fora Dilma" nas ruas, e como se fosse apenas a elite por trás dessa manifestação. Mesmo o impeachment, que era parte da agenda de alguns manifestantes, é um instrumento constitucional que foi usado contra Collor pelos próprios petistas. E naquele tempo não era "golpismo".
Depois, quando viram o tamanho da coisa, resolveram repetir que só tinha eleitor do Aécio nas ruas, e que o governo Dilma é muito democrático e tolerante. Dilma escalou dois ministros para dar seu recado, mas o tiro saiu pela culatra. Cardozo, ministro da Justiça, insistiu na abertura ao diálogo do governo, o que todos sabem ser um mito. E ainda posou de grande defensor da democracia, um sujeito que já palestrou no Foro de São Paulo a favor de Cuba e Venezuela. É como Suzane von Richthofen enaltecendo o amor aos pais!
Para piorar a situação, Cardozo puxou da cartola a "reforma política", que o PT tem tratado como panaceia para o problema da corrupção. Repetiu a importância de se adotar o financiamento público de campanha, como se a culpa do petrolão fosse das empreiteiras apenas, e não dos corruptos do PT. Não cola. Essa não era a pauta das manifestações. A voz das ruas não pede reforma política; deseja mudança de governo!
Enquanto os ministros defendiam o governo Dilma, novo "panelaço" ecoou pelo país. O governo continua negando a realidade, tratando os brasileiros como uma cambada de idiotas. Dilma sequer teve a coragem de falar diretamente com a população. A presidente já não pode circular pelas ruas do Brasil, pois sabe que será alvo de vaias. Agora não consegue nem se dirigir aos telespectadores pela TV. É uma presidente acuada, sitiada. E ainda faltam 45 meses de segundo mandato!
O que vai ser daqui para frente ninguém sabe ao certo. A situação de Dilma parece insustentável. O escancarado estelionato eleitoral em curso retirou qualquer legitimidade da presidente. A tentativa de jogar a culpa sempre para ombros alheios e a incapacidade de admitir erros fizeram de Dilma uma governante fraca, pois uma estadista jamais agiria assim. O PMDB, da base aliada, está cada vez mais afastado e rebelde. A governabilidade não existe mais.
O PT definha, em pânico. Lula, o responsável por isso tudo, ainda vai conseguir destruir o partido que ajudou a criar. Os brasileiros que têm olhos para enxergar já sabem que o único projeto do lulopetismo é se agarrar ao poder para sempre. Inspiram-se nos chavistas. Nunca ligaram para os pobres. Gostam mesmo é da pobreza e da ignorância, pois garantem um mercado cativo para seu populismo.
O Brasil vive uma subversão de valores. Banalizaram e institucionalizaram a corrupção. A ética foi jogada no lixo. Lula achou que era possível comprar todos. Não é. Está chegando a hora do acerto de contas com quem se recusou a se vender por migalhas estatais...
Rodrigo Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal