Folha de S Paulo
VINICIUS TORRES FREIRE
A China está soprando bolhas?
Excesso de investimento, de crédito e medo de enfrentar protesto social cria condições para bolhas na China, diz Citi
"O RESULTADO mais provável (...) das políticas chinesas é que o boom de crédito em curso desde 2008 (...) vai causar um boom de ativos, uma bolha e seu estouro. Já vemos o começo disso no mercado de imóveis residenciais. Os preços das casas novas em Pequim e Xangai subiram 68% e 66% [em um ano] (...), a terra mais do que dobrou de preço em 2009."
A citação é de um relatório algo preocupante mas bem circunstanciado, publicado por economistas do Citigroup: "A China está soprando bolhas?" Os economistas dizem que tanto na Bolsa como no mercado imobiliário há por ora apenas o início de um boom. Alertam, porém, que os chineses têm poucas opções para aplicar sua poupança e consomem pouco. Com inflação à vista, tendem a aplicar em imóveis.
A bolha viria entre dois ou três anos, estimam. Parece haver tempo de evitar o problema. Mesmo os economistas do Citi dizem que a previsão de bolhas não é ciência, nem arte -talvez apenas feitiçaria. O motivo da confiança deles no prognóstico de bolha é que estão presentes na China as condições que, em outros países, provocaram bolhas.
Quais são as condições? Fundamentos econômicos sólidos, ritmo frenético de mudanças na economia e na finança, autoridades inexperientes em bolhas, tudo isso cozinhando num caldo de expansão desenfreada de crédito. O crédito bancário crescia a 12% em 2008; foi a 33% em 2009 e está a 25% em 2010.
No entanto a alavancagem na China é pequena. O crédito para o consumidor é apenas 16,5% do PIB; a dívida pública é 50% do PIB. A China ainda teria espaço para engordar, digamos. Mas já haveria sinais de superaquecimento e excesso de investimento, que não darão bom retorno e resultarão em calotes nos bancos.
A maior parte do dinheiro foi dirigida a investimentos de médio e longo prazo. Não se pode cortá-lo, sem mais, sem custo. Mas a economia não carece de mais estímulo. Deve crescer mais de 9% neste ano. A inflação sobe. Mas os chineses, diz o pessoal do Citi, temem elevar os juros e, assim, atrair ainda mais dólares. É como se a China vivesse numa armadilha de excesso de liquidez.
A fim de evitar a valorização da moeda, o governo empilha reservas (compra dólares). Mas não retira da economia todos os yuans utilizados na compra de reservas (não os esteriliza). A liquidez cresce mais. Se mais dólares entram na China, pior.
Diz a lenda que, a fim de evitar protesto social, a China tem de crescer mais de 8% ao ano. Com uma taxa de investimento de 45% do PIB (2,5 vezes a nossa) e crescimento de 10% ao ano, o número de empregos cresce só 1,1% ao ano. Esse modelo de crescimento, superintensivo em capital, exige crédito abundante. Logo, é improvável que o governo promova arrocho brutal do crédito. Para piorar, há o "ciclo político".
Em 2012, sete dos nove membros do Politburo podem ser trocados. Ninguém vai querer arriscar uma freada forte na economia e perder apoio político, argumenta o povo do Citi.
O que se pode fazer? Elevar juros, deixar o yuan se valorizar. A China exportaria e investiria menos, consumiria mais: mudar o modelo. Para ajudar, uma taxação sobre a entrada de capitais externos (como o Brasil fez), escreve o pessoal do Citi.
vinit@uol.com.br
Entrevista:O Estado inteligente
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