FOLHA
Para decepção de jornalistas que me procuram, não faço previsões econômicas. Na minha pesquisa acadêmica, busco descobrir como a economia funciona e acho muito mais interessante compreender como a política monetária afeta o nível de atividade econômica do que prever a taxa de crescimento de uma economia.
Mas isso não me impede de examinar previsões de outros e formar uma opinião. Confesso que, em 2005, tive pelo menos uma grande surpresa. Como a maioria dos economistas, imaginei que o dólar terminaria o ano mais fraco em relação ao euro e ao iene. Afinal, o déficit em conta corrente dos Estados Unidos em 2004 já superava 5% do PIB; por isso, a desvalorização do dólar no segundo semestre daquele ano não parecia excessiva.
A conta corrente americana não melhorou, mas o dólar se valorizou em 2005 diante das moedas dos países avançados. Há uma série de explicações que são dadas para esse fenômeno, mas há um consenso de que o ajustamento da conta corrente americana ainda precisa acontecer. Os otimistas acreditam que a acomodação vai se dar através da queda ordenada do dólar, do maior crescimento dos outros países avançados, da conseqüente ampliação da demanda por produtos americanos e do aumento da poupança nos Estados Unidos. Esse cenário pode ocorrer, mas um relatório do BIS, a organização que promove a cooperação entre bancos centrais, contabilizou os 28 episódios desde 1973 em que a conta corrente deficitária de um país rico passou por um ajustamento substancial e duradouro. Todos esses eventos foram caracterizados por uma depreciação da moeda e, exceto em um caso, houve queda substancial do crescimento do país em questão, mas a exceção foi justamente os Estados Unidos, em 1987.
O bom desempenho da economia americana foi uma razão importante para o crescimento da economia global em 2005, que permitiu a muitos países emergentes superar previsões que já eram bastante otimistas. A China deve ter crescido mais de 9%, ante os 8% previstos ao final de 2004, enquanto o crescimento indiano deve também ficar um ponto percentual acima da média das projeções.
O aumento de preços das commodities e a manutenção de taxas de juros de longo prazo moderadas foram também fatores positivos para o nosso crescimento. Problemas estruturais de longo e médio prazos -baixo nível de educação, fraca poupança interna, clima ainda pouco favorável para negócios e falta de investimentos em infra-estrutura- justificavam previsões relativamente modestas para o Brasil, mas a política monetária garantiu um resultado ainda inferior às projeções, apesar das condições externas extremamente propícias.
A implementação da agenda microeconômica do governo continua a melhorar o ambiente de negócios no país. Um maior controle dos gastos correntes, como proposto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, abriria espaço para o aumento de investimentos em infra-estrutura, sem pressionar a dívida pública. As taxas de juros absurdas só podem diminuir. Mas se houver uma queda acentuada no crescimento global, impulsionada pela redução do ritmo da economia americana, vai ser muito mais difícil para o "espetáculo do crescimento" acontecer.
Como não entendemos bem os mecanismos que determinam o ajuste da conta corrente ou o que produz a associação desses ajustes a quedas no crescimento, é difícil prever o desempenho da economia americana em 2006. Mas é provável que, no futuro, 2005 seja visto como uma grande oportunidade perdida para o Brasil.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2006
(6085)
-
▼
janeiro
(530)
- Ladrão não mais', diz Fernando Henrique Cardoso
- Editorial de O GLOBO
- Editorial de O GLOBO
- Miriam Leitão Supersuperávit
- Luiz Garcia Sabe-se que ninguém sabe
- MERVAL PEREIRA (B)RICS
- LUÍS NASSIF O operador e as TVs abertas
- JANIO DE FREITAS O caixa três
- ELIANE CANTANHÊDE Fase de engorda
- CLÓVIS ROSSI Primitivo e bárbaro
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Lucia Hippolito na CBN:Campanha original
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Fazendeiro JK Xico Graziano
- DORA KRAMER: CPI cita, mas não indicia
- AUGUSTO NUNES Conta tudo, Duda
- Editorial da Folha de S Paulo
- Sobre o liberalismo - MARCO MACIEL
- Editorial da Folha de S Paulo
- O alckmista- VINICIUS TORRES FREIRE
- Agendas e objetivos diferentes - LUIZ CARLOS BRES...
- Editorial da Folha de S Paulo
- Fernando Rodrigues - Os marqueteiros
- Clóvis Rossi - O declínio do império, segundo Soros
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Mais jornalismo e menos marketing
- FHC, um apagador de incêndio?
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG:Estado assistencial
- Lucia Hippolito na CBN:Banco do Brasil do novo século
- Lula, as oposições e o Jornal Nacional
- Merval Pereira Entre o populismo e o realismo
- FERREIRA GULLAR Arapongas
- ELIANE CANTANHÊDE Hoje, é assim
- As memórias casuais de FHC, para americano ler
- AUGUSTO NUNES Deputados celebram o Dia da Infâmia
- Miriam Leitão Aliança livre
- LUÍS NASSIF A indústria estéril da arbitragem
- JANIO DE FREITAS O vertical não cai de pé
- CLÓVIS ROSSI Hipocrisia
- Editorial da Folha de S Paulo
- MAILSON DA NÓBREGA: Banco del Sur
- DANIEL PIZA: O estadista
- Entrevista:Armínio Fraga: 'Crescer como China e Ín...
- ALBERTO TAMER: Carta aberta ao ministro Furlan
- Editorial de O Estado de S Paulo
- DORA KRAMER: O dilema dos cardeais
- ROBERTO TEIXEIRA, NAS PALAVRAS DE LULA
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- VEJA A dupla conquista
- CAI O DESEMPREGO....OU A ESPERANÇA DE EMPREGO ?
- Petróleo: Brasil é auto-suficiente
- VEJAENTREVISTA Norman Gall
- MILLÔR
- Claudio de Moura Castro No país dos decibéis
- Tales Alvarenga Romaria de esquerda
- VEJA Diogo Mainardi Em guerra com o lulismo
- Jogo sem regras
- Roberto Pompeu de Toledo
- VEJA Com dinheiro do povo
- VEJA CPI Depoimento de Palocci foi pífio
- VEJA Garotinho mentiu sobre pesquisa que encomendou
- VEJA O novo marqueteiro de Lula também é investigado
- FERNANDO GABEIRA Lamentos de um morador de Ipanema
- Concorrência global, enfoque local GESNER OLIVEIRA
- Poupado em CPI, Palocci atende a pedido de ACM
- FERNANDO RODRIGUES Céu e inferno para Lula
- CLÓVIS ROSSI A tardia angústia da elite
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- ENTREVISTA:'Não há paz com o Hamas, não há paz sem...
- Variações sobre o livro e a internet
- DORA KRAMER DORA KRAMER: Serra cala, mas não cons...
- Editorial da Folha de S Paulo
- Miriam Leitão Enquanto isso
- Linchados na CPI SÉRGIO ROSA
- Eu, Bono e você REINALDO AZEVEDO
- Editorial de O GLOBO
- ZUENIR VENTURA Estação purgatório
- MERVAL PEREIRA O mundo plano
- A importância do livre comércio
- COISA BOA Claudio Haddad
- Luiz Garcia Horizontalizaram
- CLÓVIS ROSSI O Estado morreu, viva o Estado
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- DORA KRAMER: Fidalguia só não faz verão
- Miriam Leitão Palocci na CPI
- Luiz Garcia Horizontalizaram
- Que pensar da China? Washington Novaes
- O câncer da corrupção João Mellão Neto
- Lucia Hippolito na CBN:Conselho de Ética faz sua p...
- Merval Pereira Crescer ou crescer
- REELEIÇÃO por Denis Rosenfield
- ENTREVISTA:Ozires Silva "O governo quebra todo mundo"
-
▼
janeiro
(530)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA