BRASÍLIA - É impossível acertar com precisão o roteiro final da crise do "mensalão", mas já está claro qual o desfecho mais lógico e desejado pelo Palácio do Planalto.
Lula não está preocupado com o número de cassados. Só quer um processo rápido. Daí entende-se a preferência do presidente pela estratégia da renúncia dos acusados.
Uma revoada em massa seria um acinte, pois os mesmos nomes podem reaparecer na eleição que vem. Só que o assunto rapidamente desapareceria das páginas dos jornais.
Se o Supremo Tribunal Federal não decidir a favor dos cassáveis, na segunda-feira, uma operação de renúncias generalizadas não está descartada. É o melhor dos mundos para Lula e seus aliados.
Esse é o roteiro mais favorável ao governo. Salvo o aparecimento de um ponto fora da curva, é possível a sua consolidação. Como o esquema de corrupção é muito tentacular, ninguém deve desprezar o aparecimento de novidades.
Ou, até mesmo, a decisão de alguns deputados de sangrarem meses esperando a votação final no plenário. Seria ruim para a estratégia lulista. Basta fazer as contas.
Em janeiro de 1994, a CPI do Orçamento listou 18 cassáveis. O último processo só foi julgado em plenário em 31 de agosto daquele ano.
Agora, não será muito diferente. Os deputados investigados, se não renunciarem, podem estender o caso do "mensalão" até metade do ano que vem -pouco antes da eleição.
Hoje, amanhã e segunda-feira haverá muita negociação entre o governo e os mensaleiros para que esses últimos escolham a saída mais rápida. Muitas promessas estão sendo feitas nos bastidores. Por exemplo, garantia de legenda para a eleição de 2006. Até liberação de emendas do Orçamento é um argumento às vezes mencionado nos corredores do Congresso. É o acordão em curso.
Entrevista:O Estado inteligente
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